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Foto do escritorAndré Carvalho

Visando recondução de Lula em 2026, PT nacional define orientações para eleições municipais de 2024


Foto: Ichiro Guerra.

O diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu no dia 29 de agosto uma nota sobre as eleições municipais de 2024. O documento analisa a conjuntura política para o partido, que governa o país, e orienta seus diretórios a construírem um caminho para a recondução do governo Lula (PT) em 2026.


A visão nacional do partido e a priorização disso no seu projeto de poder é reforçada no texto. Mais do que o fortalecimento da legenda, busca-se o fortalecimento da esquerda e a consolidação de uma “Frente Democrática e Popular”. Além de estimular candidaturas próprias, direciona para que a sigla busque a construção de alianças regionais com o “campo democrático e popular”, que se comprometam com o governo Lula.


O partido definiu como prioridade a recondução daqueles que atualmente já ocupam espaços nos poderes municipais, seja no Executivo ou Legislativo, e candidaturas em cidades com bom histórico eleitoral para o PT. As cidades pequenas são citadas, mas o partido priorizará cidades com maior densidade político-eleitoral, considerando a capacidade de construção de alianças.


A estratégia de crescimento reforça que, visando o longo prazo, é fundamental para o partido investir em cidades que possuem maior capacidade de fortalecer a imagem da sigla, que sejam “modelos regionais”. São elas: capitais, polos regionais, cidades com mais de 100 mil eleitores, cidades que possuam emissora de TV regional.


Em Sergipe, isso pode significar que a candidatura da vereadora ngela Melo (PT) deverá ser prioritária para o partido em Aracaju e nas demais cidades com maior densidade eleitoral (Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana, Lagarto e São Cristóvão) o partido deverá investir nas chapas para o Legislativo, visto que não possuem candidaturas suficientemente competitivas e buscar alianças ao Executivo que fortaleçam o PT em 2026.


O diretório nacional recomenda que candidaturas petistas ou apoiadas pelo PT sejam divulgadas ainda neste ano, levando em conta a Federação Brasil da Esperança, da qual faz parte ao lado do PCdoB e do PV e buscando consolidar as relações com os partidos que apoiaram o PT no primeiro e segundo turno da eleição passada.


A formação de alianças, assim como todo projeto de poder do PT, orbita em torno do governo Lula, sendo esse um fator fundamental. Além de vedar o apoio a candidatos bolsonaristas, a nota autoriza formação de alianças com a federação integrada por PSOL e REDE, com partidos e lideranças que apoiaram Lula no primeiro turno de 2022 e autoriza previamente o recebimento de apoio de partidos que apoiaram Lula no segundo turno de 2022.


Aplicando as orientações da nota do diretório nacional ao contexto aracajuano, o caminho seria a construção de uma candidatura majoritária que unifique PT, PSOL, PSB, PV, PCdoB e Rede. Pensar numa “Frente Democrática e Popular” em Aracaju que abarque aliados do governo neoliberal de Fábio Mitidieri (PSD) é ignorar as orientações do partido. Segundo apurações do Sergipense, não há diálogo em andamento entre PT e PSOL para 2024 em Aracaju.


Uma das possibilidades amplamente comentadas na imprensa é uma aliança entre o PT e o PDT, liderado por Edvaldo Nogueira em Sergipe. A despeito de ser atrativo formar aliança com o prefeito da capital, não parece ser razoável esperar que o governador o descarte para só então trabalhar de forma séria um projeto político para Aracaju.


O PT nacional reconhece a importância da construção política ao lado dos movimentos sociais, populares e sindicais. Atribui a isso ser o maior partido político de esquerda da América Latina. Aponta que a trajetória da legenda o faz ser o mais popular entre os brasileiros, mas pondera que é necessário transformar o apoio em mobilização em torno do projeto democrático e popular, não se limitando ao voto.


As eleições do próximo ano são apontadas como janela de oportunidade para a ampliação “física e orgânica” do partido no país, deixando claro o compromisso com um projeto a longo prazo. Para isso, a nota entende que é fundamental a promoção de novas lideranças, “criando condições para uma corajosa transição geracional, de gênero e de raça” nas representações do PT.


Compreendendo a importância da diversidade na construção do projeto democrático e popular que o Partido dos Trabalhadores representa, é orientada a construção de chapas mais diversas ao Legislativo, com a presença de mulheres, de negros, de jovens, da comunidade LGBTQIA+ e dos povos originários.


O diálogo com as “bancadas do campo progressista” é incitado pelo partido, para que o desenvolvimento dos programas do governo Lula tenham a participação destes, não apenas dos governadores e prefeitos, com o fim de abarcar políticas públicas que não são estratégicas para o Executivo, mas que o Legislativo entende importante.


O partido reconhece a importância da efetivação de um debate crítico, transparente e construtivo sobre as políticas do governo petista. Apesar de ser comum que haja animosidade com aliados e filiados que apontem erros do governo.


A nota direciona a busca pela formação de uma ampla coalizão na sociedade, com um programa baseado nos direitos humanos, na redução da desigualdade, na democratização da governança e no desenvolvimento inclusivo e sustentável. O PT pretende combater as experiências neofascistas, neoliberais e de direita, ao mesmo tempo, dar continuidade às políticas sociais que garantem o acesso aos serviços e programas do governo federal.


Disponível no site do PT, a nota ainda abordou diversos aspectos sociopolíticos do Brasil, com sua visão e com os desafios impostos. A reforma administrativa, a taxação dos super ricos, a participação de militares na tentativa de golpe e o projeto de segurança pública baseado no uso da violência foram alguns dos temas trabalhados.


O partido comentou os avanços que o Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe ao país na “equiparação da ofensa contra pessoas LGBTQIA+ ao crime de injúria racial; a abertura de ação sobre a violência contra povos indígenas Guarani-Kaiowa pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul; a manutenção, ainda que parcialmente, do princípio da insignificância e o avanço na descriminalização do porte de canábis para uso pessoal”, sem comentar o voto do último indicado do partido.


Uma Conferência Eleitoral com as executivas dos diretórios estaduais e com a participação dos pré-candidatos e pré-candidatas que disputarão as eleições municipais de 2024 ficou marcada para dezembro. O objetivo é discutir as ferramentas de campanhas destes, tais como organização de campanha, finanças, marketing e afins.


O conteúdo da nota demonstra que o partido entendeu que as alianças com aqueles que corroboram com o projeto neoliberal é muito menos produtiva do que a busca qualificada de aliados que tenham comprometimento com um Brasil diverso, democrático e popular. Não cabe ao PT ser coadjuvante de projetos neoliberais e descompromissados com os ideais que historicamente marcam o partido.


Em Aracaju, o PT e a esquerda possuem um bom histórico eleitoral, exemplificado pelas eleições de Jackson Barreto (MDB) nas décadas de 80 e 90 e de Marcelo Déda nos anos 2000. O viés à esquerda de Aracaju tem sido desconstruído por uma ascensão do bolsonarismo e da centro-direita, requerendo maior atenção das lideranças progressistas de esquerda.


Apesar de haver segundo turno na capital, não há vaga garantida para nenhum partido ou espectro ideológico. É inegável que a oposição de direita possui chances reais de chegar ao segundo turno em Aracaju, ao lado da candidatura apoiada pelo governador, que possui um amplo grupo de vereadores na capital. A união das lideranças de esquerda em torno de um único projeto é fundamental não apenas para torná-lo factível como, também, para que Sergipe consiga construir uma “Frente Democrática e Popular” capaz de apoiar Lula e competir pelo poder em Sergipe.


Em São Paulo, cidade mais populosa do Brasil, o PT abriu mão da cabeça de chapa, um ato histórico. A ação e o teor da nota do diretório nacional para a eleição do próximo ano deixam nítido que o partido não quer apenas liderar um governo federal, mas quer construir o caminho para que todo país tenha condições de refletir esse projeto político, resta ver os desdobramentos da nota no contexto sergipano.


Representam Sergipe no diretório nacional Aby Custódio e Márcio Macêdo.


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