A tentativa de setores bolsonaristas de negar que houve uma tentativa de golpe no Brasil torna-se cada vez mais absurda e insustentável. As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) não apenas confirmam a existência de um plano golpista, como também revelam o envolvimento direto de políticos e militares.
O plano dos golpistas, segundo a PF, não era apenas de atacar a democracia brasileira como, também, assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes. E, ao contrário da narrativa que os bolsonaristas tentam passar, não se tratava de lunáticos inocentes que tramaram uma reação contra o PT, mas um golpe de Estado desenhado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e por parte da elite do serviço militar.
Além de Bolsonaro, as investigações apontaram o envolvimento do general Braga Neto (PL), que foi candidato a vice-presidente ao lado de Jair na eleição de 2022, e outras dezenas de militares, incluindo generais e coronéis. Teria acontecido na casa de Braga Neto, inclusive, a reunião para planejar com o tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira e tenente-coronel Helio Ferreira Lima a participação dos militares “kids pretos” no golpe.
Segundo a PF, Bolsonaro não apenas sabia do plano de envenenar Lula e Alckmin e explodir Moraes, como também enxugou a minuta do golpe. Vale lembrar que, desde a vitória de Lula nas eleições, vários atos golpistas foram promovidos em busca de apoio popular. No entanto, a adesão foi limitada aos bolsonaristas mais radicais, que acamparam em frente aos quartéis. Com o fracasso da mobilização popular, os golpistas intensificaram a violência em dois momentos: durante a diplomação de Lula e no fatídico 8 de janeiro, culminando na invasão das sedes dos Três Poderes e na prisão de vários manifestantes.
Com o fim do inquérito, a PF indiciou 37 pessoas pela tentativa de golpe, entre elas Jair Bolsonaro, Braga Netto e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. O relatório foi encaminhado ao STF para o devido processo.
É fundamental para o país consolidar um futuro democrático a condenação e a prisão de todos os que atentaram contra nossa democracia. Tolerar, perdoar ou anistiar esses criminosos apenas abrirá precedentes perigosos para que eventos semelhantes se repitam no futuro. Além disso, é crucial que os cidadãos brasileiros permaneçam atentos àqueles que ainda defendem ou buscam dialogar com essas figuras, tratando golpistas como parceiros políticos viáveis. A democracia deve prevalecer acima de tudo.
Lista dos indiciados por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa pela Polícia Federal — elaborada pelo G1:
Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército acusado de intermediar inserção de dados ilegal em cartões de vacinação contra Covid-19
Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro"
Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal
Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
Anderson Lima de Moura, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro"
Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello
Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército
Bernardo Romão Correa Netto, coronel acusado de integrar núcleo responsável por incitar militares a aderirem a uma estratégia de intervenção militar para impedir a posse de Lula.
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro contratado pelo PL para questionar vulnerabilidade das urnas eletrônicas durante eleições de 2022
Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército suspeito de ter participado da confecção da "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro"
Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército adido em Israel e supostamente envolvido com carta de teor golpista
Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República que participou da reunião que tratou da minuta de golpe
Fernando Cerimedo, empresário argentino que fez live questionando a segurança das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022
Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e um dos responsáveis pelo monitoramento clandestino de opositores políticos
Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia que desmaiou quando a PF bateu à sua porta
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid
Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército
José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco
Laercio Vergililo, general da reserva envolvido em suposta trama golpista
Marcelo Bormevet, policial federal suspeito de integrar o esquema de espionagem ilegal conhecido como "Abin paralela"
Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro
Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro. É suspeito de participar de um grupo que planejou as mortes de Lula, Alckmin e Moraes
Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição)
Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército suspeito de participar de trama golpista
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército
Rafael Martins de Oliveira, major e integrante do grupo 'kids pretos
Ronald Ferreira de Araujo Junior, oficial do Exército
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército
Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio"
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido pelo qual Jair Bolsonaro e Braga Netto disputaram as eleições de 2022
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército
Wladimir Matos Soares, policial federal que atuou na segurança do hotel em que Lula ficou hospedado na transição. Ele é suspeito de participar de grupo que planejou as mortes de Lula, Moraes e Alckmin