O morno segundo turno em Aracaju reflete um certo cansaço do povo da capital em relação à política. Se o primeiro turno já não mostrou a efervescência observada em 2022, o segundo turno apenas agravou essa situação.
No primeiro turno, os vários nomes postos incentivavam maior grau de engajamento, ainda que menor do que em outras eleições, o que poderia ser até intensificado no segundo turno se as candidaturas postas representassem uma polarização mais evidente. No entanto, a polarização mínima de um segundo turno binário não se amplia com uma dicotomia clara de projetos ou ideologias, o que enfraquece esse aspecto.
O Sergipense destacou que o segundo turno é uma disputa entre direita e direita, com base nas alianças e composições das chapas. Luiz Roberto (PDT) poderia ter feito acenos à esquerda, mas preferiu manter seus compromissos com a direita, visando captar esses votos. Coube a alguns militantes progressistas, já cooptados pelo projeto neoliberal dos governistas, tentar pintá-lo mais vermelhinho — sem que ele se movesse para isso.
Sem negar ser de direita, a chapa diminui a distância ideológica com Emília Corrêa (PL) e esfria a eleição. Se ambos são ideologicamente afins, a polarização não repete a distância e a força da dicotomia entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) ou de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
Emília, também não incentiva essa ampliação da polarização, não faz movimentos mais agressivos porque, na realidade, não precisaria tanto quanto Luiz. Dos votos do primeiro turno, 34,5% foram em candidatos que não estão no segundo turno, sendo 20,5% para candidatos de direita e 14% para candidatos de esquerda. Emília, para vencer, precisa ganhar apenas 8 pontos percentuais, já Luiz, precisa ganhar 26,14 pontos percentuais que estão mais na direita do que na esquerda.
O clima morno do segundo turno se explica, portanto, pela falta de uma diferença ideológica marcante em jogo. Como o governador Fábio Mitidieri (PSD) analisou, essa não é uma eleição entre direita e esquerda, mas sim entre renovação e continuidade. Acrescentaria que se trata de uma renovação que lembra o passado e de uma continuidade que remete à estagnação.