Em Sergipe, o presidente Lula confirmou o nome de Rose Rodrigues para a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), informação que correu o país e animou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Entretanto, através do Twitter, o deputado Airton Faleiro anunciou que Rose não mais será nomeada para a função.
Rose Rodrigues é militante experiente e influente do MST, ex-secretária de agricultura do estado de Sergipe e ligada ao deputado federal João Daniel. O jornalista Wendal Carmo, da Carta Capital, chegou a confirmar que o presidente Lula havia se reunido com Rose durante a passagem do presidente por Sergipe em 15 de fevereiro.
O Incra é a autarquia federal responsável por democratizar o acesso à terra, cabendo a ele criar assentamentos e regularização fundiária. Apesar de se tratar de uma função importante para o combate às desigualdades no campo, o Incra ainda pena com a morosidade em escolher seu presidente e substituir os indicados do ex-presidente Bolsonaro nas superintendências estaduais do órgão.
O deputado Airton Faleiro, coordenador do núcleo agrário do PT na Câmara Federal, ao anunciar que Rose não seria mais nomeada, ressaltou a necessidade de tornar a decisão mais célere: “Ficamos na expectativa que se acelere a nomeação da direção nacional da autarquia, pois caminhamos para dois meses do novo governo e as demandas são imensas e urgentes.”.
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, rechaçou a morosidade da presidência em nomear a presidência da autarquia. Nas redes sociais, falou em “acender a luz amarela” para a situação, evidenciando uma desconfiança de que a volta atrás não seja no sentido de prestigiar os movimentos sociais na presidência do Incra.
O nome de Rose foi festejado não apenas pela importância de que mulheres ocupem cargos relevantes no governo, mas, principalmente, por representar o reconhecimento da importância que os movimentos sociais têm na reforma agrária brasileira. O fato de alguém com a representabilidade de Rose ser anunciado e cair antes mesmo da nomeação, deve, sim, acender o sinal de alerta.
Militantes chegam a falar que pesou contra a nomeação de Rose o velho “fogo-amigo”, circulando pelas redes e na imprensa um desconforto do ministro Márcio Macêdo em relação ao nome da militante do MST. Não nomear alguém que entenda e defenda a importância dos movimentos sociais na reforma agrária só deve ser comemorado por pessoas como a deputada federal Amália Barros, bolsonarista do PL, que chegou a taxar a nomeação de Rose como um “retrocesso”.
O governo Lula foi eleito com a missão de ampliar a democracia brasileira e combater as desigualdades, todas as duas causas passam, necessariamente, pelo campo. Espero que o PT nacional reconheça a força e a importância do MST e que nomes sergipanos como o senador Rogério Carvalho e o ministro Márcio Macêdo advoguem pela manutenção do nome de Rose.