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Rompe-se o elo entre Mitidieri e Lula

Atualizado: 15 de fev. de 2023


Laercio Oliveira, PP, foi escolhido de forma envergonhada pelos governistas para a disputa ao Senado. No caminho inverso da lógica política e da imagem de lulista que Fábio Mitidieri, PSD, tenta colar em si, o agrupamento decidiu que havia grande espaço para o bolsonarismo em seu palanque.

A escolha dos governistas pelo bolsonarismo se deu anunciando que Laércio Oliveira e Jackson Barreto, do MDB, seriam ambos pré-candidatos do bloco a disputar uma única vaga ao Senado.

Considerando os discursos públicos de Jackson, seria impensável que tal proposta fosse aceita. Jackson rompeu com o grupo governista para não romper com sua própria história.

Uma candidatura ao Senado do emedebista pelo bloco seria o último elo da pré-campanha de Mitidieri com Lula e com os ideais que Marcelo Déda representou. Atualmente, apesar de recorrerem ao nome de Déda, o grupo governista está mais próximo dos ideais de direita que João Alves Filho simbolizou.

Fábio Mitidieri votou no PT nas últimas eleições presidenciais e votou contra o golpe, entretanto, o deputado não pode ser considerado um lulista convicto. O fato de aceitar um bolsonarista que é conhecido pelo ataque aos direitos trabalhistas já poderia ser suficiente para isso, mas vai além.

Segundo a ferramenta “basômetro” do Estadão, Fábio se comporta como aliado de Bolsonaro na Câmara, votando a favor do governo em 72% das matérias. De Sergipe, segundo a ferramenta, apenas Fábio Henrique, UB, e João Daniel, PT, não podem ser considerados base aliada - Márcio Macedo, PT, não possui dados suficientes na ferramenta.

Durante a discussão de fundo golpista que se deu em torno do voto impresso, Mitidieri declarou que seria favorável à proposta, entretanto, omitiu-se durante a votação para não sofrer pressões. Mesmo sabendo da narrativa golpista construída pelo bolsonarismo com o intuito de deslegitimar a eleição.

Há uma considerável abertura de Fábio e seu grupo para a direita, não podendo sequer ser considerado um grupo plural. À esquerda, não há nomes fortes do grupo na disputa pela Câmara Federal, restando Francisco Gualberto, PSD, com possibilidade incerta de disputar uma segunda vaga do partido com Nitinho Vitale e Katarina Feitosa.

Se no início do ano seria possível defender que Lula tivesse dois palanques em Sergipe, hoje não é sequer razoável sugerir que Alckmin, PSB, suba no palanque de Mitidieri. Foi uma escolha de Fábio por uma política de omissão num momento tão crítico para nossa democracia.

A defesa da democracia nunca pode vacilar, neste ano principalmente. Assim como em 1977, quando da ditadura, a faculdade de direito da USP está reunindo assinaturas na “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, em resposta a uma série de movimentos do bolsonarismo. Sugiro a assinatura.

Dar espaço ao bolsonarismo na chapa majoritária e proporcional não torna apenas a presença de lulistas desconfortável, mas de todos aqueles que lutam pela defesa da democracia. Jackson Barreto demonstrou coragem para lutar contra essa presença no grupo, quando não conseguiu, teve a coragem de continuar a luta onde há espaço para essa defesa.

Chama atenção que Edvaldo Nogueira, PDT, que construiu carreira política no PCdoB e ao lado de Marcelo Déda, parece desconsiderar até o momento o prejuízo que compactuar com quem ataca a democracia causa ao país. Caso tenha apreço pela democracia e por sua própria biografia, não caminhará com o bolsonarismo.

Há um discurso de que o poder econômico e as alianças políticas são mais importantes do que a preservação dos ideais, entretanto, é nisso que os grandes líderes se diferenciam dos medíocres. Para liderar é necessário ter firmeza nos posicionamentos. Quem vacila a ponto de apoiar o bolsonarismo não tem compromisso com a democracia e não merece nosso respeito.


*Originalmente publicado no portal JL política.

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