Em entrevista à Fan FM, o senador Rogério Carvalho (PT) tornou públicas as diferenças de posicionamento no PT. Suas declarações rompem com a postura de minimizar as divergências internas e esclarecem os bastidores das disputas que permeiam o partido em Sergipe.
Questionado sobre o papel de Márcio Macêdo e Eliane Aquino na campanha do PT em Aracaju, o senador Rogério Carvalho foi direto ao afirmar que ambos não tiveram nenhuma participação efetiva. Carvalho lembrou ainda que tanto Márcio quanto Eliane foram convidados pelo partido para concorrer nas eleições, mas recusaram o convite, o que levou Candisse Carvalho (PT) a assumir a missão de defender a plataforma petista para a capital sergipana.
Na ocasião, Rogério também rebateu críticas do ministro Márcio Macêdo, que insinuou um “atropelo” na escolha da candidata do PT. Em resposta, o senador enfatizou que o nome de Candisse foi escolhido por aclamação em uma eleição interna e aprovado posteriormente nas instâncias partidárias superiores e pela federação, reforçando a legitimidade da candidatura.
Durante a entrevista, Rogério deixou claro a existência de duas posturas antagônicas dentro do PT: uma linha de oposição ao grupo governista, representada por ele próprio, João Daniel e Ana Lúcia; e outra de parceria com os governistas, liderada por Eliane Aquino e Márcio Macêdo.
Segundo Rogério, desde 2020, o PT iniciou um processo de ruptura com os governistas, dificultado pela decisão de Eliane Aquino de permanecer na base aliada até 2022. Essa permanência não se referia ao cargo de vice-governadora, mas sim à parceria política que, na visão de Rogério, prejudicou o distanciamento necessário do partido.
“Eliane ficou até o fim o governo, tanto é que ela teve problemas com a candidatura dela e, depois, quem denunciou ela foi o próprio PSD”, afirmou Rogério, ressaltando as consequências desse alinhamento prolongado com os governistas.
Rogério criticou que Márcio e Eliane tenham trabalhado para o partido desistir de sua candidatura própria e apoiasse o candidato do PDT já no primeiro turno — uma tentativa de reaproximar o PT do grupo governista. O senador também destacou que a falta de apoio da dupla ao PT no primeiro turno contrasta fortemente com o empenho em favor da candidatura do PDT no segundo turno.
A postura de Rogério, ao explicitar as divergências internas, é relevante, especialmente considerando que Márcio e Eliane frequentemente tornam públicas suas insatisfações com as decisões partidárias, questionando sua legitimidade e insinuando serem frutos de decisões individuais — mesmo sendo decisões coletivas. A postura de desafiar esse direcionamento não deve ser interpretado como divergência pessoal, mas como uma tentativa de enfraquecer as instâncias partidárias.