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Resposta às falas antidemocráticas do ministro Márcio Macêdo


Márcio Macêdo fazendo uma fala antidemocrática no Jornal da Fan, programa do Narcizo Machado.
Reprodução: youtube.

Este manifesto é um lembrete democrático ao Ministro Márcio Macêdo, um desabafo, mas, também, um relato. O ministro Márcio Macêdo, que está ocupando o cargo na Secretaria-Geral da Presidência da República, usou o estúdio da rádio Fan FM, na última segunda-feira, para fazer ilações e atentar contra a democracia. Fazendo-se de leigo às palavras ditas e repetidas por correligionários, atentou contra quem ousa questioná-lo.


O ministro, em tom de zombaria, sugeriu que, por não possuir emprego, este que escreve não seria capaz de montar um site e opinar livremente sobre assuntos da política, mais especificamente sobre as tortuosas escolhas do ministro. Citando Usiel, possivelmente o coordenador-geral de articulação técnica da secretaria-executiva da secretaria-geral da Presidência da República, disse: “Teve um que o Ulsiel disse "pô, o cara estava aqui na internet ontem pedindo emprego ontem e hoje já anunciou que tem um site e a primeira matéria foi batendo em você.” [risos] Então, isso tem que acabar, isso não pode acontecer”.


Demonstrando crer que, em Sergipe, opinião não nasce da mente, mas do bolso, o ministro ofende e desonra a capacidade intelectual dos sergipanos. Afundando nas palavras que soprou aos ventos como se besteira fosse, aparenta desconhecer a importância do cargo que ocupa e da missão que o presidente Lula lhe outorgou, não cabendo nela espaço para acumular mais crises para uma política que escalou seu tom agressivo nos últimos anos.


Quando o ministro fala que “isso tem que acabar”, que “isso não pode acontecer”, ele surda os ouvidos para as próprias palavras. Isso de ministro ofender aqueles que discordam tem que acabar, ministro fazer ilações infundadas sobre cidadãos que exercem de forma digna o direito de opinar, isso não pode acontecer.


Para a ignorância de Márcio sobre este que escreve e para descrença dele na existência de pessoas que livremente divergem dele, que o ministro busque conhecer o meu histórico e a resiliência que minhas palavras encontram em mim. Neto de analfabetos, filho de pais que não concluíram o ensino médio, lutei durante o ensino fundamental pela reforma do Colégio Estadual Murilo Braga, com apenas 12 anos tive que escutar dizerem que “ele não tem como agir sozinho, tem alguém manipulando”. Lutei com outros estudantes e fizemo-nos ouvidos.


Fui para Brasília, onde hoje o ministro Márcio senta-se à mesa para despachar, com a ajuda de uma rede de familiares e amigos, cursar Ciência Política na UnB, graças às cotas para estudantes de escola pública. Lá penei, mas venci. Conclui minha graduação com um índice de rendimento invejável, graças aos amigos, familiares e ao auxílio estudantil. Não foi fácil ocupar aquele espaço enquanto um jovem pobre e nordestino.


Como sei que o capital simbólico adquirido por mim não foi sozinho, teve a colaboração das políticas sociais que o presidente Lula implementou, busquei ser fiel na defesa da retomada democrática. Durante a pré-campanha, abdiquei de estar ao lado daqueles nos quais não enxerguei compromisso com o conjunto de ideais que defendo. Fiz artigos de opinião, vídeos para as redes sociais, entrevistas em rádios e tvs locais, tudo sem a necessidade de receber pagamentos.


Por ser apaixonado por política, por ter aprendido com minha avó, analfabeta, a importância de ser íntegro, vejo as ilações e ofensas que a mim foram ofertadas como um ato repugnante. Se as palavras que chegam aos ouvidos de Márcio Macêdo precisam ser subsidiadas para virar som no ar, ele precisa compreender que as minhas possuem base na crença na democracia e no dever de lutar por um país melhor.

No dia 5 de janeiro fiz um tuíte pedindo recomendações de vagas de emprego, infelizmente, não obtive sucesso. Como aquele que na sombra fica não é visto, fiz este site para contribuir com minhas ideias para um debate do qual, caso assim não o fizesse, não participaria. No dia 22 de fevereiro consegui estrear meu site, o primeiro texto foi sobre o intocável ministro, “Márcio Macêdo opta por desgaste desnecessário ao forçar reaproximação com o PSD”. Novamente, Márcio Macêdo opta por desgaste desnecessário ao ofender, por não compreender direito o que é ser homem público.


Apesar das dificuldades financeiras, não me anulei em atitudes putrefatas, não optei pelo silêncio para corroborar com ideias que não compactuo. Ainda busco um emprego, se o ministro tiver vaga na sua secretaria ou conhecer alguma vaga, tenho um bom currículo para enviar, mas alerto, não estou em busca de vender minha consciência. Quem quiser um “sim senhor”, não é neste que encontrará.


Ao homem público deverá sempre caber a humildade de aceitar a crítica, principalmente como as que faço, no campo democrático e honroso. Recebeu críticas por demonstrar querer seguir um caminho diferente do que as urnas sergipanas disseram querer do PT a partir de 2022. Talvez por Márcio estar na eleição nacional com Lula, não tenha escutado tão bem o sergipano, este aqui quis lembrá-lo. Pelo visto, fui lido!


É necessário compreender a crítica. Veja bem, em 2020 a votação de Macêdo foi baixíssima para a prefeitura de Aracaju e, após o pleito, não veio fazer oposição em Aracaju. Foi candidato ao cargo de suplente, ao lado de Valadares Filho do PSB, na chapa de oposição. Novamente, não demonstra vontade de fazer oposição local. Precisará que a esquerda diminua ainda mais para que perceba os erros?


Na briga que existe, com quentes e frios, no PT, já estive do lado da perspectiva de Márcio, por achar que Rogério Carvalho estava vislumbrando projetos pessoais. Hoje, entendo o motivo pelo qual Rogério está eleito e Márcio nomeado, porque um teve disposição em construir enquanto o outro prefere caminhos mais amenos. E repito, isso é opinião, choque-se, de um cientista político formado graças ao sistema de cota e que não depende de cargo comissionado para opinar.


Infelizmente o ministro do partido dos trabalhadores riu da minha busca por emprego, mas tenho orgulho de estar desempregado por ter forças para lutar pelo que creio. Infelizmente o ministro que representa o governo que fui às ruas defender, não acredita na minha capacidade de autonomamente ser crítico a ele, apesar da formação que repeti algumas vezes neste texto.


Sou o acúmulo de exemplos e de ideais que vivenciei, não sou rico, nunca ganhei muito, talvez por isso me dê o direito de, na juventude, ir de encontro com pessoas como Márcio, que possuem as oportunidades nas mãos. Recebi as acusações com profunda tristeza, sou da terra que não gerou Márcio Macêdo, mas que o abraçou e o fez ser o que hoje é e estar onde hoje está, e esperava apenas por respeito.


André Carvalho - Cientista Político


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