No último domingo, 8 de outubro, a deputada federal Yandra de André (UB) esteve no bairro Santa Maria para lançar o “projeto FelizCidade”, um dia de brincadeiras e atividades de recreação voltadas para as crianças. O primeiro evento se deu no bairro de Aracaju, segundo discurso da deputada, como uma forma de agradecimento à confiança que a localidade conferiu a ela enquanto deputada. Além das atividades, o evento distribuiu brindes para as crianças.
Segundo o Observatório Social de Aracaju, o Santa Maria é um dos bolsões de pobreza da cidade, tornando ele um bairro que carece de políticas públicas efetivas e não apenas de eventos pontuais e discursos assistencialistas. Quem se colocar a realizar eventos nesse contexto deve ter em mente as condições sociais que ali se apresentam e agir com o máximo de respeito e atenção para alcançar uma intervenção social ética e potencializadora.
A conjuntura social do bairro faz com que eventos que levem diversão para crianças e adultos sejam comemorados, entretanto, é necessário um olhar crítico com a forma que se operacionalizam essas ações, para que não se normalize o assistencialismo como ferramenta política, através do uso das falhas do Estado para a dominação do eleitor pelo sentimento de “gratidão”.
No “FelizCidade”, o rosto da deputada estava excessivamente estampado em camisetas e banners por todo evento, gerando uma sensação de assistencialismo político, prática conhecida na política local. Os discursos e a presença de políticos como os vereadores do Cidadania Sheyla Galba e Ricardo Marques e da prefeita de Japaratuba e mãe de Yandra, Lara Moura (UB), colaboraram com a politização do evento.
Após o evento, a vereadora Sheyla Galba afirmou à Rio FM estar empolgada e incentivando uma possível candidatura de Yandra à prefeitura de Aracaju. A fala de Sheyla corrobora com a percepção de um viés negativo no evento da deputada, que não tem um histórico de ações sociais.
Com o aumento de especulações sobre uma possível candidatura de Yandra em Aracaju vemos aumentar o interesse dela em ocupar espaços na capital, entretanto, sem o necessário cuidado para não expor negativamente os cidadãos da capital. Eventos que envolvem crianças e possuem viés assistencialista vão na contramão da necessária representação ideológica e emancipadora que deveria nortear o fazer político.
