Recentemente, um projeto de lei que tenta estabelecer pena maior para quem aborta do que para quem estupra teve sua urgência aprovada na Câmara dos Deputados. Apesar da comoção social e da gravidade do tema, o projeto fora ignorado por alguns pré-candidatos à prefeitura de Aracaju.
Apresentado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL) e subscrito por deputados bolsonaristas, o “PL do estuprador”, como ficou conhecido, foi ignorado por pré-candidatos como Emília Corrêa (PL), Luiz Roberto (PDT), Yandra de André (União), Fabiano Oliveira (PP) e Valadares Filho (Solidariedade).
A escolha de Emília e Yandra, de ignorarem o tema, é previsível, visto que são duas pré-candidatas bolsonaristas e que usam suas relações com igrejas evangélicas em seus projetos políticos. Apesar disso, é grave que duas pré-candidatas que tentam suavizar seus perfis ideológicos retrógrados com um verniz feminista ignorem a enorme violência que o texto pode causar na vida de crianças e mulheres.
Dos homens pré-candidatos, assim como Yandra e Emília, nenhum deles parece ter se importado suficientemente com a pauta para deixar em suas redes seu repúdio ou pressionar os parlamentares sergipanos contra o texto. De Fabiano Oliveira, alinhado ao bolsonarismo e pré-candidato do campo de direita, já era esperado, entretanto, pré-candidatos que tentam fisgar votos dos progressistas e da esquerda também ignoraram o tema.
Luiz Roberto, pré-candidato de Edvaldo Nogueira (PDT) e Fábio Mitideri (PSD), não se manifestou nas redes contra o projeto e segue com sua condução política amorfa, sem muitas marcas ideológicas ou compromissos com o campo do qual aspira extrair votos para o projeto de poder do seu grupo político.
Valadares Filho, o pré-candidato menos factível dentre os citados, também não se posicionou nas redes, apesar de a todo momento fazer questão de se afirmar como alinhado ao governo Lula (PT). Incoerente com a imagem pretendida atualmente, o não-posicionamento condiz com seu passado recente.
Dos pré-candidatos que se posicionaram contra o texto estão as duas do campo de esquerda, Candisse Carvalho (PT) e Niully Campos (PSOL), e a pré-candidata da centro-direita, Danielle Garcia (MDB).
Ignorar em suas pré-campanhas a gravidade desse texto demonstra que os riscos presentes nesse projeto são irrelevantes para esses políticos ou, pior, que concordam em tornar o Brasil um país que violenta ainda mais crianças, mulheres e pessoas que gestam. É importante que os aracajuanos observem com atenção sobre o que falam e calam aqueles que pretendem decidir os rumos da capital sergipana nos próximos 4 anos.
O Sergipense usou como pesquisa os posicionamentos dos pré-candidatos no Instagram e no X, vitrines oficiais dos pré-candidatos.