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Foto do escritorAndré Carvalho

Partidos políticos precisam ampliar o espaço LGBT+ em suas atividades políticas


Congresso Nacional nas cores LGBT
Foto: Agência Câmara Notícias

A pauta LGBT+ luta para crescer na agenda político-partidária desse país, entretanto, os partidos ainda não demonstram muitos esforços para substanciar a pauta. Por outro lado, partidos e mandatos ligados ao bolsonarismo identificam na pauta antiLGBT uma forma de lucrar politicamente com a produção de uma plataforma de terror moral que não espelha a população brasileira.


A criação de discursos odiosos e que avançam sobre a existência de algumas minorias tem se tornado mola a impulsionar carreiras políticas de pessoas que não o conseguiriam se precisassem mostrar suas qualidades. Ir de encontro com essa conduta tortuosa é uma tarefa árdua e que precisa de real apoio daqueles que dizem defender uma sociedade plural e democrática.


Vivenciamos recentemente um governo sustentado apenas por uma falsa ideia moral que visava a subjugação de toda a diversidade deste país num padrão criado que não atendia aquilo que é real. A figura que personifica esse movimento putrefato, Jair Bolsonaro (PL), é um exemplo de que o discurso não espelha a realidade.


O ex-presidente vivenciou diversos relacionamentos, separou diversas vezes, sugeriu que uma de suas esposas abortasse, usava o dinheiro da Câmara para “comer gente”, zombou de mortes e é acusado de diversos crimes com o intuito de locupletação, inclusive as famosas rachadinhas. Apesar de não ser possível visualizar o discurso na prática, Bolsonaro fortaleceu um sentimento odioso nesse país, tendo a comunidade LGBT+ como um dos principais alvos.


A paula de LGBTfobia foi alimentada durante a eleição de 2018 e permaneceu por todo seu governo. Após a derrota, o bolsonarismo insiste em construir sua pauta política calçada em LGBTfobia, principalmente com a pauta antitrans. Com todo esse esforço para perseguir essa parcela da população, a resposta por parte dos partidos tem se demonstrado bastante anêmica.



A pauta LGBT+, que engloba lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outras identidades de gênero e orientação sexual, se dá, principalmente, pela reivindicação por direitos civis, sociais e políticos. Inclui questões como o reconhecimento legal da identidade de gênero, o casamento igualitário, a adoção por casais homoafetivos, o combate à violência e à discriminação, a educação sexual e a saúde integral.


No ano de 2022 o número de candidaturas LGBT+ aumentaram em todo país, levando também ao aumento do êxito. Em Sergipe, apesar de já haver alguns casos de eleições de deputados LGBT+, foi eleita a primeira candidatura centrada nessa pauta. Apesar desses avanços, não é possível afirmar que a pauta tem ganhado maior destaque por parte dos partidos, sejam de esquerda ou direita.


Na realidade dos sergipanos, apenas o PSOL tem uma marca forte da causa LGBT+ dentro de sua construção, muito em função dos mandatos da deputada Linda Brasil e da vereadora Sônia Meire. Nos demais partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PSB e PDT, não há completa ausência do tema, muito pela existência e esforços de muitos membros da comunidade LGBT+ na militância desses partidos, mas, não é possível observar um grande esforço para estruturar a pauta como bandeira de luta.


Nos partidos mais à direita do espectro político é ainda menor a importância do tema para a construção partidária, chegando a ser uma tema a ser perseguido por partidos e, principalmente, mandatos subservientes à lógica bolsonarista. Apesar de termos visto Linda Brasil (PSOL) e Luizão (UB) dançando um amistoso forró, na prática política de Luizão há um forte viés antitrans, inclusive comemorando a exclusão de trans em competições esportivas.


Em Sergipe e em todo país a comunidade LGBT+ demonstrou ter fôlego para disputar e ocupar espaços políticos, porém, assim como ocorre com outras minorias, o espaço dessa diversidade tem sido insistentemente boicotado em suas possibilidades, seja através de pouco investimento em suas campanhas ou no distanciamento dessa diversidade dos espaços e poder interno nos partidos.


A comunidade LGBT+ deve se atentar e cobrar cada vez mais espaços dentro das burocracias internas dos partidos e, também, se organizar para que os partidos que se dizem apoiadores da comunidade deem reais condições de pessoas LGBT+ concorrerem aos espaços de poder em Sergipe e no Brasil.


Para ilustrar essa situação, a Vote LGBT, uma organização que monitora e apoia a participação política da comunidade LGBT+, levantou apenas 5 candidaturas LGBT+ em Sergipe no ano de 2022. Por não ser um dado levantado pelo Tribunal Superior Eleitoral, pode haver inconsistências, mas serve para levantarmos as condições das candidaturas LGBTs. Das 5, duas são do PSOL, uma do Republicanos, uma do PSDB e uma do UP. Apesar de ter ficado de fora do levantamento, houve também a candidatura da ativista Tathiane Araújo pelo PSB.


Com exceção da candidatura de Linda Brasil, que ocupava o mandato de vereadora em Aracaju, nenhuma das demais pôde ser percebida com grande perspectiva de vitória pelos próprios partidos, o que pode ser observado pela baixa importância de recursos do fundo eleitoral destinado para essas candidaturas.


Estimular que lideranças ligadas à pauta LGBT+ se fortaleçam e ganhem corpo na sociedade é necessário para o avanço da democracia brasileira. Tratar LGBTs e qualquer outra minoria política como vitrine durante período eleitoral e esquecê-las durante todo o fazer político configura um estelionato eleitoral, apesar de ser naturalizado por parte da sociedade.


Há um crescente movimento para que o respeito e o suporte às lutas LGBTs não se limitem, pelo mercado, ao mês de junho ou aos períodos eleitorais. Mesmo que alguns partidos sejam compreendidos como aliados, é necessário que a cobrança em relação a eles, que contam com os nossos votos, cresça para que o espaço LGBT+ não se limite ao de apoiar pontualmente, mas de ter condições iguais e reais para construir a política diariamente.


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