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  • Foto do escritorAndré Carvalho

País do forró: artistas sergipanos que se apresentarem nos festejos juninos só receberão cachê após 3 meses

Foto: Marco Ferro

Sergipe é o país do forró e seus festejos fazem o dinheiro circular entre nós. Pelo menos é o que diz o governador Fábio Mitidieri (PSD), entretanto, ainda persiste a política de desincentivo cultural do governo Mitidieri em relação aos artistas de nossa terra. Enquanto os artistas de fora recebem altos valores no dia da apresentação, os nossos talentos receberam um edital que só permite o recebimento dos cachês após, no mínimo, 90 dias.


Um edital divulgado pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) em abril deste ano se direcionou ao chamamento dos artistas sergipanos para se apresentarem durante os festejos juninos de 2024. Editais como esse são aguardados e comemorados por nossos talentos, entretanto, enquanto eles passam por esse tipo de seleção, os artistas de outras terras, ou que circulam no mercado nacional, não precisam encarar esses mecanismo e ainda contam com toda deferência do governo.


Em suas considerações finais, o edital de chamamento público de nº 4 de 2024 informa que “os pagamentos poderão ser efetuados com o prazo de, no mínimo, 90 (noventa) dias após a finalização do objeto”. À época, o trecho foi alvo de crítica por parte da jornalista Gleice Queiroz. Ou seja, se apresentarão no São João, mas só receberão a partir de setembro ou outubro, contudo, sem estipular um prazo máximo para o pagamento.


O edital selecionou 337 atrações sergipanas, podendo ultrapassar 5.000 artistas envolvidos. Além dos trios de forró pé de serra, o edital abarca bandas, grupos tradicionais do folclore sergipano, grupos de teatro, cordelistas, repentistas, quadrilhas juninas, filarmônicas e outros. Ao todo, o valor do edital chega a R$ 2.530.000,00. 


A categoria que melhor remunera é a “Paulinha Abelha”, R$ 30 mil para “artistas e bandas musicais renomadas no Estado de Sergipe e Estados brasileiros ou com registro de turnê internacional”. 


Para quadrilhas juninas, importante expressão cultural nordestina, o edital exige o número mínimo de 32 pessoas dançando e garante o pagamento de apenas R$ 3,5 mil. Além dos dançarinos, uma quadrilha junina requer uma equipe, ensaios e figurinos sofisticados, parecendo não condizer com o valor pago. 


O edital é reflexo de uma visão de cultura defasada do governo Mitidieri e erra duplamente: desvaloriza nossos talentos e deixa para depois um dinheiro que seguramente circularia em Sergipe. Enquanto os artistas de fora levarão o dinheiro para suas terras, nossos artistas vivem, atuam, se aprimoram e consomem em nossas terras. Esse tipo de política não condiz com o país do forró. O país do forró é aquele produz, incentiva e valoriza sua cultura.



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