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O que está por trás da insatisfação dos aliados e militantes do PT sergipano?



Foto: Janaína Santos

O PT sergipano tenta desde 2022 fundar um novo grupo de oposição em Sergipe, à esquerda. Para isso, o partido conseguiu reunir aliados de alguns poucos partidos em torno do projeto que se queixam da situação no pós-eleição.


O ponto central da reclamação de fontes ouvidas pelo Sergipense é de que o clima de animosidade e disputas internas do PT não consegue garantir aos aliados de diferentes partidos confiança acerca dos rumos da sigla no estado. A sensação é que há dois PTs no estado, um liderado por Rogério Carvalho e João Daniel e outro por Márcio Macedo.


O clima tem sido apontado como um fator dificultador para que Rogério e João consigam prestigiar no governo aqueles que se esforçaram pela eleição do PT ao governo do estado e presidência da República e do PSB ao senado. É nítido, para essas lideranças, que o senador Rogério tem sido o principal alvo da má vontade de Márcio Macedo, inclusive como uma resposta às disputas que antecedem o presente.


Além dessa percepção, há uma insatisfação com o fato de Rogério e João prestigiarem familiares e pessoas de seus círculos privados num primeiro momento para só depois se preocuparem em alocar os aliados que contribuíram com o projeto petista. Em alguns casos, o peso dos familiares, no plural para não apontarem apenas um caso, tem sido alvo de queixas em diversos episódios, desde a pré-campanha de 2022.


A mistura de família e política é algo complexo e naturalizado por alguns, mas que dificulta uma construção política de ponta. Quando um familiar se introduz na concepção de mandatos e campanhas, aliados e assessores assumem riscos ao irem de encontro com as definições advindas destes. Os atritos deixam de ser compreendidos como o que são e escalonam para a esfera sentimental. Outros casos comuns são de políticos que introduzem seus familiares em cargos e tratativas para depois ficarem sentidos quando estes são expostos - naturalmente - por suas ações.


Em um evento público com uma liderança nacional do partido, uma militante histórica chegou a reclamar do baixo alocamento de petistas sergipanos no governo federal, relatando que muitos estavam passando necessidades, dependendo da solidariedade dos companheiros de partido, enquanto Sergipe estaria sendo esquecido por Lula. Lembrou ainda que o presidente costumava falar que moraria em Sergipe, mas que ultimamente só tinha olhos para a Bahia.


A queixa, que passou também pela organização do partido no estado, vem embebida de revolta pela ocupação de cargos por figuras da direita. A demanda da militante ao presidente foi redirecionada para o ministro Márcio Macêdo pela liderança nacional do partido, relembrando que Sergipe estaria prestigiado com a nomeação de Márcio e que caberia a ele direcionar as demandas dos petistas sergipanos.


As insatisfações de aliados também alcançaram o posicionamento do partido e aliados em relação ao governo de Fábio Mitidieri (PSD). Membros do PV relatam insatisfação com a cobranças a eles diante da leniência com as aproximações de petistas com o PSD. Além do neto de Lula ocupar um cargo de confiança no governo do estado, cito a atuação de Chico dos Correios (PT) e Ibrain Monteiro (PV), apesar de ambos atuarem com a base de Mitidieri, apenas Ibrain é alvo explícito de críticas.


Um dos casos que deixa exposta a complexa situação dos aliados do PT em Sergipe é o caso de Valadares Filho (PSB), candidato ao senado pelo grupo no ano passado. A nomeação do “socialista” demorou cerca de 6 meses para sair e, apesar do prestígio que é trabalhar próximo ao presidente Lula e a relevância política que Valadares tem mantido, o cargo dele é de assessoria direta ao ministro Márcio Macedo.


A Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares e Federativos é um cargo de assistência direta ao ministro e isso fica claro nas atribuições publicadas no site da Secretaria-Geral da Presidência da República. Márcio optou por colocar Valadares num posto que não garante autonomia e prende seus passos aos dele, tornando complexo para o “socialista” ir de encontro aos interesses de Márcio nas eleições de 2024 em Sergipe.


Valadares, até onde o Sergipense apurou, não tem demonstrado insatisfações em relação a isso, mas teria dificilmente sido essa conjuntura sonhada pelo ex-deputado federal.


As insatisfações ouvidas pelo Sergipense são válidas e compreensíveis, principalmente quando observamos a direita sergipana ocupar cargos no governo federal sem nenhum compromisso com as votações no Congresso Nacional e realizando campanhas contínuas de críticas ao governo de Lula. Os erros na condução do PT em Sergipe não poupam nenhuma liderança e contribuem para a desmotivação dos aliados a construírem política ao lado deles.


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