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  • Foto do escritorGabriel Barros

Neoliberalismo e Repressão: A política de violência policial em Sergipe

Atualizado: 31 de jul.

Atualmente, segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a Polícia de Sergipe mata três vezes mais que a média nacional, tornando o estado o terceiro mais letal do país, com destaque para Itabaiana e Lagarto e a velha justificativa de “confronto”.


Importante destacar que o primeiro ano do governo Fábio Mitidieri (PSD) obteve índices alarmantes de letalidade policial no estado. Foram mortas 229 pessoas pela polícia, quase uma por dia em média, conforme consta nos dados da Lei de Transparência do setor de Estudos de Segurança Pública e Estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE).


Além da falta de punição interna nas polícias, que incentiva práticas abusivas pelos agentes públicos, há também a conivência da mídia tradicional e do Ministério Público, tornando-se corresponsáveis pela alta letalidade e abusos recorrentes por parte dos policiais, pois aceitam facilmente a versão da Secretaria de Segurança Pública no seu contraditório combate à criminalidade.


A lógica do confronto, embora ineficiente para diminuir a criminalidade, parece cumprir seu papel sociopolítico: reprimir a população mais pobre, mantendo na “linha” aquelas pessoas indesejadas mediante uma brutal violência, perpetuando uma política permanente de execução de jovens negros (cerca de 85% das vítimas de mortes pela polícia são negros e jovens com idade entre 12 e 29 anos).


Diante da violência que faz o Brasil figurar entre os países mais violentos do mundo, é óbvio que existe uma insatisfação generalizada em relação à nossa segurança. É nesse sentido que o discurso do populismo penal parece fazer sentido.


No entanto, é esse mesmo populismo que também afeta negativamente os policiais, pois há uma evidente conexão entre as mortes cometidas e os suicídios entre a classe, vítimas das mesmas condições precárias que assolam a maioria da população, encontrando, por vezes, essa nefasta válvula de escape para o sofrimento. Lembremos que matar alguém ou se matar são fruto daquilo que Freud chamava de pulsão de morte.


Apesar de gastar bastante com segurança pública, parece que não surte efeitos positivos, ampliando a violência urbana e resultando nos mais absurdos “erros” no reconhecimento facial da polícia militar, tendo como alvos favoritos, sempre, pessoas negras. Todas essas nuances fazem parte de um projeto neoliberal que vem se acelerando aqui no estado com a chegada do governo privatista de Mitidieri. É de se notar a reiteração da noção do inimigo interno, do combate ao tráfico de drogas, que, na verdade, se traduz em uma fascistização dos órgãos repressores.


A violência que vivemos é fruto de um projeto de “segurança”, resultado de uma sociedade excludente e de uma política criminal da época da ditadura militar, baseada em repressão, torturas, morticínios e agarrada a uma premissa de segurança nacional que vê uma parcela da população como um inimigo social que precisa ser combatido.


É fundamental que haja uma mudança na forma de fazer política, tendo em vista que a perspectiva neoliberal, por desvalorizar questões estruturais e, em contrapartida, colocá-las como individuais, acentua a lógica de confronto e, além de piorar os índices, estimula a extrema-direita com seu discurso de fácil apelo, servindo como agravante.


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