Durante a campanha eleitoral, Emília Corrêa (PL) destacou a importância de as mulheres ocuparem espaços políticos, chegando a prometer paridade em seu governo. No entanto, ao assumir o cargo de prefeita de Aracaju, essa promessa foi rapidamente abandonada. Dos 16 secretários anunciados, apenas 5 são mulheres.
A postura da prefeita contrasta diretamente com o discurso empoderador que sustentou sua campanha. Em vez de promover mudanças significativas na ocupação de cargos de poder, Emília reproduz uma prática tradicional de governos conservadores. Exemplos disso incluem Michel Temer (MDB), que não tinha nenhuma mulher em seus ministérios, e Jair Bolsonaro (PL), que manteve apenas duas ministras em seu governo.
Não há justificativa plausível para isso. A escolha de um secretariado amplamente masculino evidencia uma falta de compromisso genuíno com a pauta de equidade de gênero. Ao analisar os nomes escolhidos, torna-se evidente que competência não foi o critério predominante. Embora alguns nomes tenham credenciais adequadas, outros não possuem trajetória profissional que justifique sua nomeação.
Entre as poucas mulheres escolhidas, duas chegam ao secretariado respaldadas por laços familiares. Edna Amorim, irmã de Edvan Amorim (PL), assumirá a pasta da Educação, enquanto Simone Valadares, mãe do deputado federal Rodrigo Valadares (UB), ficará à frente da Assistência Social. As pastas da Saúde, Meio Ambiente e Defesa Civil também serão comandadas por mulheres, mas isso não compensa a desigualdade estrutural no secretariado.
Embora Emília tenha nomeado mais mulheres do que o ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), que terminou sua gestão com apenas 3 secretárias, a promessa de paridade de gênero foi claramente traída. Trata-se de mais uma demonstração de como o discurso de empoderamento feminino foi instrumentalizado durante a campanha, sem que houvesse uma real intenção de transformá-lo em ação governamental.
Durante o processo eleitoral, já era perceptível que Emília Corrêa não romperia com as estruturas do poder tradicional. No entanto, o período entre a eleição e a posse consolidou essa percepção: governará lado a lado com o “sistemão” e sem ousadia para implementar as mudanças prometidas. A tão alardeada revolução que a prefeita prometeu parece, até agora, limitada ao universo dos memes.
(*) com informações do G1 Sergipe.