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  • Foto do escritorAndré Carvalho

Moradores protestam contra destruição de mangues e construção de dutos de esgoto no rio Vaza-Barris

Foto: Levi Braga.

Na última quinta-feira, 27, cidadãos protestaram contra a destruição dos manguezais no bairro Mosqueiro, em Aracaju. Os moradores da localidade se preocupam com o impacto de obras que suprimem o mangue e afetam as atividades econômicas da população ribeirinha e a saúde do rio.


Nos últimos meses a prefeitura vem realizando obras, como a instalação de dutos de esgotos que desembocam no rio Vaza-Barris, a construção de canais e de uma avenida na região. Para a obra, maquinários pesados destroem o manguezal restante no local. Além de afetar as atividades dos pescadores e das marisqueiras, segundo relatos dos trabalhadores, eles estão sendo impedidos de chegar ao porto do Areal.


Há uma preocupação da comunidade com o risco de poluição do rio Vaza-Barris, o único que não está poluído em Aracaju, e com a riqueza ambiental do mangue, que torna a região produtiva para a comunidade ribeirinha e interessante ao turismo. Esse patrimônio ambiental arrisca passar pelo processo que as demais áreas de mangue de Aracaju sofreram, assassinando a diversidade em nome do lucro do setor imobiliário. Tirando a vida e trazendo o cimento e o asfalto.


Os manifestantes, majoritariamente moradores do bairro, chegaram a interromper o trabalho das máquinas durante o ato. O professor Rafael Siqueira, que participou da manifestação, ressaltou que uma obra com esse nível de impacto deve passar pelo diálogo com os pescadores, que compreendem os cursos d'água e os impactos da obra.

Foto: Levi Braga.

O vereador Camilo Daniel (PT) relatou ao sergipense que a Emurb se comprometeu em realizar audiência para apresentar o projeto e o impacto da obra, entretanto, o vereador reclamou da pouca transparência por parte da gestão de Edvaldo Nogueira (PDT): “No projeto apresentado tinha a construção de uma estação de tratamento de esgoto, que dizem que não terá mais. Não está claro ainda o que será feito com as lagoas, serão possivelmente canalizadas”, relatou o vereador.


Procurado pelo Sergipense, o secretário municipal de Meio Ambiente, Alan Lemos, informou que as obras são referentes aos canais e esgotamento sanitário da Zona de Expansão, do programa Aracaju Cidade do Futuro. O secretário afirma que os impactos ambientais e sociais foram avaliados pela SEMA e serão discutidos em audiências públicas com a comunidade. 


Sobre a compensação ambiental, a SEMA se limitou a falar que a cada árvore nativa derrubada, três serão plantadas. Entretanto, não detalhou como ou onde será realizada a compensação e ignorou a delicadeza do mangue, que não pode ser transferido de local e cumpre uma função naquele ecossistema.


A condução das obras já demonstra grave falha na condução do projeto, que ignora a importância do respeito social e do diálogo com a comunidade. Iniciar as obras para só depois ouvir as necessidades da comunidade constitui um grave erro, colocando os ribeirinhos em situação desfavorável nas negociações. Isso, somado ao histórico da prefeitura de ignorar as demandas sociais, gera na sociedade a justa desconfiança sobre os impactos, podendo toda a população perder qualidade ambiental para o usufruto de alguns poucos.


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