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  • Foto do escritorGabriel Barros

Massacre em Rafah escancara necessidade de condenar ações de Israel

Foto: Mahmud Hams/AFP

No último dia 26 de maio, um ataque aéreo israelense atingiu um acampamento para desabrigados em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza. Pelo menos 8 mísseis atingiram o acampamento no bairro de Tel Al-Sultan, localizado no oeste de Rafah. 


As explosões provocaram um grande incêndio nas tendas que serviam como abrigo para centenas de palestinos, que precisaram se deslocar do leste da cidade depois de uma ordem de retirada das forças israelenses e do início de uma ofensiva terrestre no local, há mais de duas semanas.  


Isso tudo aconteceu muito embora a Corte Internacional de Justiça (CIJ), tribunal das Nações Unidas em Haia, tenha proibido o ato na sexta-feira anterior ao ataque. Internacionalmente, classificar o que o regime sionista faz como genocídio e apartheid tem se tornado cada vez mais um consenso. Diferentemente de outras épocas históricas, onde era possível esconder massacres, hoje conseguimos acompanhar em tempo real de praticamente qualquer lugar do mundo.


Muito embora o lobby sionista seja grande, fazendo com que a grande mídia ocidental adote uma postura acrítica e até covarde sobre os crimes de guerra de Israel, a ofensiva gritante e as imagens desesperadoras comprovam o caráter genocida dessa ofensiva. As imagens permitem, inclusive, compará-las ao holocausto dos nazistas contra os judeus.


À medida que se agrava os ataques, atingindo áreas consideradas seguras, fica cada vez mais difícil para essa mesma mídia defender o que está sendo feito. Recentemente, em um gesto histórico, Noruega, Espanha e Irlanda anunciaram o reconhecimento de um Estado Palestino independente, se juntando a quase 150 países, incluindo o Brasil.


Acontece que, EUA, França, Reino Unido, e a maioria da Europa ocidental não reconhecem, sendo um dos grandes fatores impeditivos de negociação pela paz na região. Além disso, direta e indiretamente, conferem legitimidade ao massacre. É que, segundo a ótica ocidental-capitalista, os interesses econômicos estão sempre em primeiro lugar. Atentemos para o fato de que esses países são comerciantes fiéis das armas israelenses.


Sobre isso, Berenice Bento, professora do Instituto de Sociologia da UnB, fez importante consideração em texto publicado no blog da Boitempo, enfatizando que “a grande contribuição de Israel ao mundo globalizado têm sido suas tecnologias produtoras da morte. Gás lacrimogênio com alto perigo de letalidade, controle dos corpos por biometria, inteligências artificiais que produzem listas de supostos terroristas, tecnologias combinadas a armas químicas já conhecidas como o fósforo branco, além de técnicas exportadas por Israel com capacidade de produzir corpos mutilados em série, com precisão cirúrgica e sem desperdício de munição”.


Não podemos naturalizar a narrativa de que as mortes  são apenas números que fazem parte de uma tragédia provocada por uma “guerra”. Nesse sentido, não ouvimos o que os palestinos têm a dizer, não é dado espaço para contestar o massacre, não nos é informado suas histórias, origens, famílias, pelo contrário, o que existe é um processo de desumanização perene, pois só assim estará autorizado qualquer tipo de coisa perpetrado contra um povo, ainda que seja para o seu completo extermínio.


Além de um dever humanitário, uma espécie de imperativo categórico kantiano, condenar o que faz o regime sionista é um dever constitucional, haja vista que o Brasil rege-se nas suas relações internacionais por alguns princípios, entre eles, a prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.


Acima de tudo, é preciso dar um basta nesse morticínio e apontar todas as mazelas provocadas pelo sionismo. Não podemos tratar o extermínio como um conceito abstrato, como se não fossem seres humanos. Devemos apontar para que se trata de uma forma política que optou em dizimar um povo que luta pela sua autodeterminação, o que nos obriga sermos absolutamente intolerantes com isso, sob pena de perdemos a nossa humanidade.


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