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Lula é corresponsável por votos conservadores de Zanin no STF


Foto: Ricardo Stuckert

Em junho deste ano, o presidente Lula (PT) indicou o advogado Cristiano Zanin Martins para ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em substituição a Ricardo Lewandowski. À época, parte da imprensa já denunciava um perfil conservador por parte de Zanin, fato ignorado por Lula.


A relação mais próxima do presidente Lula com Zanin se deu em razão da operação lava jato, que levou o líder petista à prisão. Durante todo o processo jurídico, Zanin defendeu a inocência de Lula e foi responsável por conseguir a anulação dos processos que o condenaram e, dessa forma, garantindo a recuperação de seus direitos políticos.


A gratidão de Lula pelos serviços prestados pelo advogado de certo não deve ser minimizada, entretanto, jamais poderá ser superior aos diversos compromissos firmados pelo petista em toda sua trajetória e, principalmente, na última eleição. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), uma agenda conservadora e retrógrada foi imposta e levou dois ministros que representam fielmente esses ideais ao STF.


O candidato Lula não poupou críticas ao conjunto ideológico do então presidente e os setores progressistas do Brasil também não pouparam esforços na defesa da eleição de Lula. Não foram banais os riscos sofridos, tendo em vista o clima bélico e casos concretos de violência política no período recente de nossa história.

Em entrevista ao Jornal da Record, Lula chegou a afirmar que escolheu Zanin por ser ele “um homem do presente e um homem do futuro” e acrescentou que ele seria “um extraordinário ministro da Suprema Corte”. Os recentes votos do ministro atestam que esse homem do presente e do futuro não é compatível com o Brasil do presente e do futuro que os eleitores de Lula almejam.


Lula não pode dizer não conhecer os pensamentos do seu indicado, pois mantiveram uma relação longa, o que impossibilita qualquer afirmação nesse sentido. A imprensa chegou a denunciar essa característica conservadora do advogado, o que foi ignorado pelos apoiadores do presidente, não pela confiança em relação a Zanin, mas pela confiança em Lula.


Foi a plataforma de esquerda, progressista, consciente das desigualdades socioeconômicas que adoecem historicamente esse país que saiu vitoriosa em 2022. A visão exposta pelo indicado do presidente ao STF faz jus ao conjunto ideológico derrotado na última eleição.



O indicado do governo petista votou contra a equiparação da homotransfobia ao crime de racismo, contra a descriminalização da maconha para uso pessoal, contra a insignificância num crime de furto de itens no valor de R$100 e votou pela rejeição de uma ação sobre violência contra indígenas Guaranis e Kaiowás. Um histórico completamente incompatível com a plataforma do governo que o indicou.


Ao indicar alguém sem compromisso ideológico com a plataforma eleitoral vitoriosa, Lula é corresponsável pelos votos conservadores de Zanin. O viés garantista e a atuação dele como advogado do petista não justificam por si a indicação. O Brasil votou por um projeto sociopolítico que em nada se assemelha aos votos do mais novo ministro. A decepção com a última indicação de Lula torna impositivo que na próxima Lula não vacile em indicar alguém progressista e que realmente represente um Brasil do futuro e não do passado.



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