O deputado estadual Luizão, UB, se destacou no cenário político sergipano através de um tipo de humor cotidiano e reacionário alinhado aos ideais do ex-presidente Bolsonaro, PL. Um dos pilares da sua construção discursiva é a contestação da política tradicional, se colocando como excluído do grupo dos “poderosos”.
Como um grande fã de Bolsonaro, o primeiro presidente do Brasil a perder uma reeleição e incentivador de ataques às instituições brasileiras, Luizão usa a face do ídolo na decoração do seu gabinete e nas publicações do seu instagram e se dispõe a ser o representante desse conjunto de ideias. Mas parece que não compreendeu perfeitamente a sua base.
Apesar da forma e fala antissistema, o deputado de primeiro mandato não custou a cair nos encantos do governador Fábio Mitidieri, PSD. Parece ter sido presenteado com uma enorme quantidade de felicidade e é só sorrisos ao lado de personagens como Fábio Mitidieri e André Moura, UB. Inclusive, se fazendo presente na grande festa de aniversário do governador, onde posou para fotos fazendo 55, número do partido de Mitidieri, com as mãos.
Observando a massa que o elegeu, parece que Luizão não compreendeu o que motivou seu êxito eleitoral. Poderia estar na oposição, fazendo as reclamações que parece dominar, representando os insatisfeitos da extrema-direita, mas preferiu trocar o slogan “pé embaixo” por “pé no freio” e gastar suas falas na ALESE para elogiar os governistas.
Quando se olha para trás e se recorda que Luizão vivia a esconder o seu apoio à candidatura de Mitidieri para assumir um papel de crítico ao apoio de Valmir de Francisquinho, PL, à campanha de Rogério Carvalho, PT, pode-se imaginar que tudo se tratou de estratégia da campanha de Fábio e leva, consequentemente, a um questionamento se o deputado foi sincero com os eleitores.
De toda sorte, Luizão saiu de um potencial lugar de destaque para ficar como mais um deputado na extensa base do poderoso governo de Sergipe. Aquele discurso de populismo sensacionalista que Luizão aplicava em alto e bom som deverá se limitar ao presidente Lula, PT, os eleitores dele que quiserem uma voz para reclamar do governador terão que bater em outro gabinete.