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JOÃO MULUNGU: Uma resistência manifestada através de um líder quilombola.

Atualizado: 28 de fev. de 2023

Por Lucas Gama*

João Mulungu
Fonte: mororialjmulungu.blogspot.com.br

O imaginário brasileiro está tomado de referências acerca da resistência negra no Brasil durante o período da escravidão, mas que apenas se detém à Palmares, quilombo presente no atual estado de Alagoas e ao seu grande líder Zumbi, capturado e morto no final do século XVII e sua cativante história de resistência contra um sistema colonial que escravizava pessoas negras, o qual acabou produzindo um apagamento histórico de diversas outras personalidades que lutaram contra essa organização, inclusive no estado de Sergipe. É o caso de João Mulungu.


Nascido em 1851, em Laranjeiras, município sergipano localizado à 19 km de Aracaju, no Vale do Cotinguiba, especificamente no Engenho Flor da Roda. João Mulungu é conhecido como um dos mais importantes líderes da resistência negra escravizada em Sergipe, atuando como importante figura quilombola em diversas regiões do estado durante o século XIX, enquanto ainda o estado era uma província.


A historiografia remonta que o sentimento e a luta por liberdade de João Mulungu desperta ao ver sua mãe ser morta, à chicotadas, pelos seus algozes. Uma grande virada de chave em sua vida, que ao se tornar líder de quilombo, atua em prol da libertação de centenas de pessoas escravizadas não somente no Vale do Cotinguiba, mas também em diversas outras regiões do estado de Sergipe.


A história de João Mulungu é pouquíssima conhecida até mesmo entre nós, sergipanos. Isso se explica pelo apagamento histórico promovido pelos colonizadores, mas também por uma educação que reproduz eternizações concebidas por categorias do conhecimento brancas e europeias.


A busca por configurar esse importante líder quilombola como Herói da Resistência Negra em Sergipe é assunto de extrema relevância para Severo D’Acelino, doutor honoris causa da Universidade Federal de Sergipe, fundador da Casa de Cultura Afro-Sergipana, a qual se compromete com as representações culturais e sociais da afro-descendência do estado. Ele apelida João Mulungu de “ O Zumbi Sergipano ”, uma associação à Zumbi dos Palmares, líder supracitado no início desta matéria, o qual lutou bravamente contra a colonização e a todas as suas influências.



UFS concede título de "doutor honoris causa" a Severo D'Acelino
Doutor Severo D’Acelino, Foto: Portal UFS.

A trajetória de João Mulungu é bastante complexa e cheia de percalços, entre a resistência e a fuga ele se torna um grande líder e um personagem de grande importância para História de Sergipe, sendo perseguido pela polícia até ser capturado no dia 19 de Janeiro de 1876.


O dia 19 de janeiro é hoje rememorado como o Dia Estadual de Luta da Consciência Negra, pela Lei Nº132/1999, a qual também recomenda a inclusão de conteúdos da cultura negra nos concursos públicos do estado.


Até hoje, o nome de João Mulungu é relembrado em alguns espaços públicos de Aracaju, dando nome a um Largo no Conjunto Bugio, Zona Norte de Aracaju. Também dá nome a uma ocupação no centro da cidade, que hoje funciona do antigo prédio da Universidade Federal de Sergipe (UFS).


João Mulungu é força!

João Mulungu é resistência!


"NUNCA TIVE A VIDA COMO CONTEMPLAÇÃO DE MIM, MEU POVO É MINHA VIDA, ELA SE MUTIPLICA. ONDE HAJA UM NEGRO AÍ EU ESTOU!" Frase atribuída à João Mulungu.

[*] Estudante de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS), membro do Grupo de Estudos e Pesquisas de História da África e da Diáspora Africana (GEPHADA) e criador do projeto @oabiudo no instagram.

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