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Lideranças petistas silenciam sobre processo de Márcio Macêdo contra veículos sergipanos


Foto: Igor Graco

O Partido dos Trabalhadores assumiu para si o lema “quem defende você é o PT” e a conjuntura da política nacional colocou sob os ombros do partido a missão de derrotar uma onda odiosa e antidemocrática que adoeceu esta nação. Destoando disto, o PT sergipano tem protagonizado ações controversas.


No início do governo Lula (PT), nomes sergipanos foram escalados para ocupar espaços importantes no governo Lula, mais especificamente Eliane Aquino e Márcio Macêdo, ambos petistas que compõem a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Logo após, outro nome do PT sergipano foi levantado para assumir um cargo de destaque no governo Lula, entretanto, dessa vez as movimentações foram mais ruidosas.


Rose Rodrigues (PT), da corrente Resistência Socialista, do MST e aliada do deputado federal João Daniel (PT), teve seu nome amplamente ventilado na mídia nacional como diretora do Incra, mas nunca viu sua nomeação ser efetivada. A apuração do jornalista Sérgio Roxo, do Globo, apontou um suposto envolvimento do ministro Márcio Macêdo no sentido de boicotar a nomeação, fato negado por ele. Rose acabou sendo nomeada para chefiar a Diretoria de Desenvolvimento do INCRA, mas não sem movimentos no sentido de pressionar em favor do nome de Rose.


Um dos movimentos foi do Expressão Sergipana, que deu publicidade de maneira crítica ao que a mídia nacional apontava um suposto envolvimento de Márcio no caso. Apesar de diversos veículos nacionais publicarem neste sentido, o petista optou por processar dois veículos sergipanos: o Expressão Sergipana e a Revista Realce.


O caso chama atenção por se tratar de um ministro palaciano do governo Lula, uma figura pública e que é próxima ao presidente eleito rechaçando movimentos de tentar apequenar nossa democracia, como o caso do dirigente do PT que foi preso por calúnia ao usar em seu carro um adesivo chamando Jair Bolsonaro (PL) de genocida. Lula inicia o seu governo com a missão de fortalecer o sentimento democrático no país, a ação judicial de Macêdo não parece contribuir para isso.


Um ponto levantado judicialmente por Macêdo contra o Expressão é o fato de que foi chamado de machista em razão da suposta movimentação contra Rose. O Expressão é conhecido pela esquerda sergipana por defender pautas de esquerda e pelo combate aos excessos da direita. Apesar de emitir opiniões contundentes contra atores da direita, nunca foram processados por eles.


O fato de Macêdo processar um veículo considerado ideologicamente próximo ao campo político em que se propõe a atuar repercutiu fortemente no estado, demonstrando que o político pode ter se precipitado. Ver um ministro de Lula processando a esquerda sergipana pelas opiniões emitidas por ela desmotiva a mobilização local.


A escolha de Macêdo como ministro se deu pelo respaldo da relação que mantém com o presidente e não em virtude da força política local do petista. Em vez de usar essa oportunidade para se aproximar da esquerda sergipana, o político parece decidido em ir para o embate com os semelhantes ideologicamente e manter um bom trato com aqueles que, justamente pela diferença ideológica, só pode contar quando está em cargos como o que hoje ocupa.


Politicamente, o processo é péssimo para a imagem de Márcio e, também, do PT. Até o presente momento, nem o partido nem as lideranças dele se posicionaram publicamente sobre as ações de Márcio. Nem Eliane Aquino, que é aliada de corrente interna, nem Rogério Carvalho (PT) e João Daniel (PT), que disputam internamente com ele, se posicionaram. Quem cala, ou consente ou teme.


Matéria publicada na Revista Realce no dia 1º de julho expõe um print no qual um assessor do ministro usa tom intimidador para anunciar que a Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teriam sido acionadas para investigar matérias que contrariavam Macêdo. Além dessa denúncia, a Realce afirma ter material a publicar nos próximos dias materiais que “expõem o autoritarismo e abuso de poder político estarrecedor do petista”.


Claramente, não há ganhos políticos por parte de Márcio, que acabou criando novamente uma onda negativa em torno do seu nome. Apesar de ser um direito de qualquer cidadão fazer uso de meios jurídicos como fez o ministro, os processos acabam indo num sentido negativo para a liberdade de expressão, pois, fazem com que quem venha a tecer críticas ao ministro saibam que poderão ter que ir ocupar-se e ocupar a justiça para debater o assunto.


O Expressão se colocou nas ruas e nas redes a defender bandeiras como a manutenção do mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), o Lula livre e combateu o bolsonarismo. Agora que o Expressão é alvo de retaliações, quem defende o Expressão? Uso deste texto para questionar as lideranças do partido se não cabe a elas se posicionarem e ao partido debater o assunto. Ressalto que não é oportuno ao PT qualquer ação que se assemelhe ao passado que o Brasil quer esquecer.


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