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  • Foto do escritorAndré Carvalho

João Pedro Stédile enfrenta CPI do MST após rumor de possível prisão


Foto: MyKe Sena

Nesta terça-feira, 15, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que aprecia o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) recebeu João Pedro Stédile, um dos líderes do movimento. O interrogatório foi precedido de apreensão por parte de deputados de esquerda que temiam que a oposição pudesse dar voz de prisão a ele durante a sessão da CPI.


O Estadão publicou que deputados do PT e do PSOL temiam que, por João Stédile ir à CPI sem habeas corpus, optando por responder ao relator, Stédile poderia cair na estratégia bolsonarista. Segundo o jornalista Levy Teles, um encontro realizado na casa do deputado federal João Daniel (PT), que reuniu deputados governistas, definiu que Stédile apresentasse um contraponto ideológico ao viés de criminalização do MST existente na CPI.


Durante o depoimento de José Rainha, também líder do MST, houve uma ameaça de prisão durante os questionamentos do deputado bolsonarista Ricardo Salles (PL), relator da CPI. A motivação seria pelo fato de Rainha ter negado e posteriormente confirmado ter feito campanha para a deputada Sâmia Bomfim (PSOL), ponto que não teria conexão com o foco da CPI.


Durante a sessão, o líder, sem aparentar qualquer tensão, demonstrou claramente as razões pelas quais suas ações não são ilegais e cumprem a necessidade de se buscar por efetivar um projeto de reforma agrária no país. O relator repetidas vezes saiu do foco da CPI e chegou a gastar seu tempo e dos demais parlamentares para criar uma narrativa de que na China haveria fome, sem que o depoente fosse embaixador da China, mas uma liderança do MST.


A deputada Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, repudiou a postura do relator de monopolizar a fala e desrespeitar o regimento. “Eu lamento que o senhor não tenha dado um limite a ele porque desde o início ele que está falando e não está fazendo esclarecimento. Fez arguições de novo, o que não é correto! Aliás, essa CPI tá eivada de ilegalidade e informalidade”, disse a deputada se referindo ao presidente e ao relator da comissão.


Durante a sabatina a Stédile, o relator Ricardo Salles atuou de forma a ultrapassar os limites de sua função, confundindo suas funções com a do deputado Zucco (Rep), inclusive negando questões de ordem de deputadas de esquerda.


Sobre João Pedro Stédile, o dep. João Daniel afirmou que ele é uma das maiores lideranças da história do Brasil, com conhecimento dos problemas históricos, estudioso e escritor da questão agrária no Brasil, que tem um domínio sobre a questão agrária brasileira como ninguém e é um dos fundadores do MST. Acrescentou ainda que o MST não pode ser criminalizado.


O deputado lamentou ainda que a CPI ignorou a morte de três líderes do MST em Alagoas e preferiu buscar a confecção de um vídeo manipulado com o intuito de corroborar com o relatório que atende ao interesse do bolsonarismo derrotado. O deputado ainda se solidarizou com a família de Marielle Franco, agredida permanentemente na CPI.


“Fica a pergunta e não vai acabar essa pergunta enquanto não for de fato esclarecer que é: quem mandou matar Marielle? Em nome de Mariele e de todos aqueles e aquelas que deram na vida na luta para termos democracia e estarmos aqui neste parlamento, Parabéns, João Pedro Stédile”, concluiu João Daniel.


Outra a falar sobre o depoente, Sâmia Bomfim (PSOL), afirmou que Stédile “é uma grande liderança, reconhecida internacionalmente e o MST cumpriu com papel fundamental para o país. Os acampamentos e os assentamentos, eles trazem progresso para as regiões onde eles se instalam e a reforma agrária é uma bandeira histórica contida na Constituição Brasileira e necessária para enfrentar as desigualdades sociais. João Pedro não responde por nenhum crime, não tem ficha suja, muito pelo contrário, todas as acusações que ele recebeu ao longo da vida foram comprovadamente falsas e hoje acho que vai ser um coroamento importante de uma CPI que foi desmoralizando aos poucos”.

Foto: Myke Sena

Recentemente, o governo federal começou a exercer esforços no sentido de reverter a situação na CPI do MST, dominada desde o nascedouro pela criminalização do MST e dos partidos de esquerda. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP), chegou a anular a convocação do ministro Rui Costa (PT) à CPI e construiu caminho para o fim da CPI sem adiamento. Outra frente foi a realização de mudanças na composição da CPI com União Brasil, MDB, PP e Republicanos, formando maioria pró-governo.


A construção e desenvolvimento da CPI do MST se deu no sentido de constranger o presidente Lula (PT) e tentar criar um fato para enfraquecer o início do governo, atendendo o anseio de uma direita bolsonarista decadente em poder e discurso político. Sem buscar compreender a reforma agrária, a CPI se configurou um circo vexatório a diminuir o papel do próprio Legislativo.



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