Disputar uma eleição vai além de disputar o poder, é uma das oportunidades dentro da nossa democracia de os partidos e de os cidadãos debaterem os modelos de cidade que desejam. Em Itabaiana, de fato, disputar o poder com uma polarização consolidada entre Valmir de Francisquinho (PL) e Luciano Bispo (PSD) é difícil, mas é importante que os partidos de esquerda não abram mão da oportunidade de debater a cidade diante do cenário.
Em consultas com lideranças dos principais partidos de esquerda de Sergipe, PT e PSOL, fica evidente que ambos os partidos tendem a não lançar nomes para disputar a prefeitura de Itabaiana. A não-participação fortalece a polarização e joga fora a janela de oportunidade para debater um projeto de esquerda e popular com e para o povo da cidade.
Teremos apenas dois grupos que frustram uma parcela de itabaianenses que não se sentem representados pelo conjunto ideológico dessas opções. O grupo do PL, com um histórico de boa administração na cidade, sai com o favoritismo graças aos avanços notórios que a cidade obteve nos últimos anos, mas com o fardo do partido do ex-presidente Bolsonaro (PL).
O grupo de Luciano, que deverá lançar Edson Passos (PSD), carrega nas costas o peso de apoiar a sanha privatista do governador Fábio Mitidieri (PSD), além das últimas gestões desastrosas de Luciano, marcadas pelos atrasos de salários. Além disso, Luciano e seu grupo demonstram proximidade ao bolsonarismo nos símbolos e alianças que tem adotado.
Em 2020, Edson trocou o tradicional laranja do grupo pelo verde e amarelo na eleição, chegando a trajar-se de militar no tradicional fogaréu. Como cereja do bolo, contam com o apoio do deputado Luizão (União), um dos maiores propagandistas do bolsonarismo em Sergipe.
Não é razoável, com uma parcela significativa da população de Itabaiana que deseja construir uma Itabaiana, um Sergipe e um Brasil popular e de esquerda, negar que se trabalhe esse debate na capital do interior sergipano. Caso se confirme que PT e PSOL não participarão da disputa ao Executivo, negarão à esquerda itabaianense a oportunidade de se afirmar nas urnas e de manter vivo o debate necessário, que importa tanto quanto estar ou não no poder.
