top of page
  • Instagram
  • Twitter
  • Foto do escritorAndré Carvalho

Grupo de Iran Barbosa obtém 49% dos votos do PSOL e dificulta planos de Linda Brasil em 2024


Foto: Convenção partidária do PSOL em Sergipe para a eleição de 2022

Na última terça-feira, 22, o PSOL finalizou suas plenárias na capital sergipana e agora se encaminha para a realização de novas plenárias estaduais e nos demais municípios, finalizando com o congresso nacional do partido. O processo é fundamental para o direcionamento do partido nos próximos anos.


Durante as plenárias, foram apresentadas e defendidas as diferentes teses através das quais a militância avalia a conjuntura política, o que a antecede e propõe ações que o partido irá construir daqui para a frente. Em Sergipe, 5 teses foram apresentadas e, nacionalmente, outras 6 teses foram apresentadas pela militância do partido.


No 8º congresso do PSOL Sergipe, temos a tese 1 “construindo um PSOL democrático, popular e socialista”, a tese 2 “insurgir com todas as vozes para enfrentar a extrema-direita e as elites privatistas de Sergipe”, a tese 3 “MES Sergipe: aprofundar o debate do socialismo para derrotar a ameaça fascista”, a 4ª “por um PSOL popular e de massas em Sergipe” e, por fim, a tese 5 “PSOL pela base”.

Imagem: Instagram.

Sobre as teses


Das 5 teses, apenas a do MES é contra alianças com o PT em Sergipe, sendo Primavera Socialista, Revolução Solidária e Resistência favoráveis a tentativa de se construir uma frente de esquerda capaz de enfrentar o crescente fortalecimento da direita em Aracaju. A tese da Insurgência, apesar de se colocar favorável, constrói o argumento de forma crítica e tendo Linda Brasil desrespeitado a decisão do partido em apoiar o candidato do PT no segundo turno contra o projeto neoliberal do PSD. Naquele momento, a deputada eleita gravou um vídeo que fragilizava a campanha petista e favorecia o projeto neoliberal do PSD.


A tese da Insurgência, assinada por Linda Brasil, reclamou da forma como a nova maioria do partido vem conduzindo suas ações. O texto aponta que o grupo do MTST e de egressos do PT, “enquanto direção partidária, faltou diálogo e construção coletiva diante das divergências absolutamente táticas".


Além disso, a tese reclama que “a disputa eleitoral de 2022 foi marcada pela concentração de recursos, pelo isolamento das candidaturas majoritárias, e por uma estratégia de alianças amplas e “informais "". A tese, que recebeu apenas 5% dos votos, ainda reclamou que o partido tem “uma direção “estranha” à militância”.


A Resistência, grupo de Sônia Meire, também elaborou críticas ao grupo atualmente majoritário, que acusa de realizar um “esvaziamento político das instâncias partidárias” e de estar “resumindo um espaço de grande potencial de construção de sínteses políticas entre as diversas correntes em um espaço de encaminhamentos burocráticos”.


O posicionamento da Resistência também aponta falta de formação política e do desgaste das relações internas em 2022 devido a uma “injusta divisão do fundo partidário e o boicote de tempo de TV da militância histórica como a companheira Sônia Meire e o companheiro Demétrio Varjão”.


Um dos pontos debatidos nas plenárias pela Primavera Socialista, que obteve 49% dos votos, foi a ida de Sônia Meire e Linda Brasil, ao evento de Lula no CIC ainda na pré-campanha de 2022. Naquele momento, o partido em Sergipe havia emitido circular orientando a não ida ao evento que se propunha a lançar as candidaturas de Rogério Carvalho (PT) e Valadares Filho (PSB), sendo que o partido já havia lançado candidatos ao governo e ao senado. A justificativa para a ida é que a nacional havia autorizado filiados a comparecerem em qualquer evento em que Lula estivesse.


Outro ponto apresentado pela militância da Primavera Socialista foi a retirada da candidatura de Sônia à deputada estadual. Na avaliação da tendência, a retirada afetou frontalmente a capacidade da legenda eleger dois deputados estaduais. O grupo ainda afirma ter sido responsável por mais de 75% das candidaturas do partido na última eleição em Sergipe, “buscando o fortalecimento de um projeto partidário que garantiu que o PSOL mantivesse uma cadeira no parlamento estadual”.


A tese da revolução solidária, segunda mais votada, avalia que o partido tem conseguido ampliar a capacidade de dialogar e fazer política com outros partidos e com os movimentos sociais. Segundo a tese, “esse protagonismo e ampliação da influência do partido não se deu sem razão, mas sim pela postura e compreensão política de sua direção majoritária eleita no último congresso partidário".


Sobre candidaturas


Apesar de Linda Brasil e Niully Campos apresentarem seus nomes como pré-candidatas, não houve deliberação nesse sentido. Ainda assim, as teses da Insurgência e da Resistência já trazem categoricamente o nome de Linda como pré-candidata e juntas somam apenas 29% dos votos.


As teses Primavera Socialista e Revolução solidária não antecipam o debate de nomes, entretanto, por obter 49% dos votos das plenárias, a Primavera sai na frente no sentido de que um nome de seu grupo represente melhor a perspectiva do partido.


Nova diretoria municipal


O passo seguinte às plenárias é a eleição do diretório municipal, havendo uma expectativa de que a Primavera Socialista componha com a Revolução Solidária, repetindo a aliança que fazem nacionalmente, mas, continuam em processo embrionário de negociação. A busca por aliança é fundamental para a Primavera Socialista em Aracaju, pois, apesar de ter obtido larga vantagem em relação aos demais, sem os votos da Revolução Solidária não conseguiria fechar a maioria.


A Resistência tem procurado diálogo com a Revolução Solidária e com a Insurgência no intuito de viabilizar uma aliança para a formação de uma maioria, em caso de sucesso, conseguem 50.5% dos votos. Se repetindo a aliança nacional, os grupos liderados por Iran Barbosa e Izadora Brito alcançariam 72.6% dos votos e quebrariam uma tradição de cerca de 10 anos do grupo de Sônia Meire no comando do diretório da capital.


Com o crescimento do partido, aumenta a tensão


É nítido que o PSOL em Sergipe tem crescido com a chegada de novos grupos, o que implica no aumento da tensão na disputa pelo poder. Se por um lado, o grupo da Resistência tem sido eficiente em articular e manter relevância no partido, a aliança com a Insurgência fica enfraquecida pela inabilidade de Linda Brasil em construir a política interna do partido.


Linda Brasil ficou por dois anos na Câmara de Vereadores de Aracaju, se elegeu deputada estadual e possui um capital político considerável na capital, entretanto, a tendência próxima a ela obtém apenas 5% dos votos. É sintomático e discrepante de alguém que se coloca como pré-candidata.


Os grupos que fortaleceram o PSOL nos últimos anos têm conseguido demonstrar força em mobilização social e construção interna no partido. A Revolução Solidária com os acúmulos dos movimentos sociais e a Primavera Socialista com a bagagem de disputas internas que boa parte dos seus novos integrantes trouxeram do PT.


O resultado demonstra um fortalecimento das três tendências mais dispostas em dialogar com os demais partidos e construir política social e coletiva. Acompanhar o processo de plenárias e as disputas internas também ajuda a perceber quais lideranças compreendem a importância da construção partidária para a democracia e aqueles que insistem em projetos políticos personalistas.


Resultados:


A tese 1, “construindo um PSOL democrático, popular e socialista”, foi apresentada pela tendência Primavera Socialista, assinada em Aracaju por Iran Barbosa, Niully Campos e Ramon Andrade, entre outros. Obtendo 259 votos (49%).


A tese 2, “insurgir com todas as vozes para enfrentar a extrema-direita e as elites privatistas de Sergipe”, recebeu 28 votos (5%) e foi apresentada pela tendência Insurgência, representada por Agatha Christie e Mário Leony. Apesar da deputada Linda Brasil não construir nenhuma tendência partidária, assinou essa tese.


A tese 3, “MES Sergipe: aprofundar o debate do socialismo para derrotar a ameaça fascista”, foi apresentada pela tendência Movimento Esquerda Socialista (MES), representada por pela deputada Sâmia Bomfim, e, em Aracaju, assinada por Odair Ambrósio. Conseguiu apenas 1 voto (0.1%).


A tese 4, “por um PSOL popular e de massas em Sergipe”, foi a segunda mais votada, obtendo 123 votos (23%). Foi apresentada pela tendência Revolução Solidária, assinada por Izadora Brito e militantes do MTST e tem peso fundamental na composição do novo diretório municipal.


A quinta tese, “PSOL pela base” ao 8º congresso do PSOL Sergipe”, foi apresentada pela Resistência, tendência interna que tem como lideranças em Sergipe Sônia Meire, Alexis Pedrão e Demétrio Varjão. Recebeu 115 votos (21%).



bottom of page