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  • Foto do escritorAndré Carvalho

Futuro incerto: esquerda aracajuana sofre com falta de candidatos competitivos para a prefeitura


Faltando pouco mais de um ano para a próxima eleição municipal, nomes à direita parecem largar na frente pela sucessão do prefeito Edvaldo Nogueira, PDT. A escassez de nomes de esquerda à frente de mandatos eletivos surge como fator dificultador para o surgimento de um nome altamente competitivo.


A petista Eliane Aquino, que ocupou diversos cargos em Sergipe e hoje ocupa uma importante secretaria no governo federal, chegou a ser levantada como nome natural para concorrer à prefeitura, entretanto, a falta de esforço para manter uma base na capital parece ser suficientemente demonstrativa de que essa disputa não está nos seus planos, informação referendada por fontes ligadas ao PT. Um direito dela.


Eliane ficou em primeiro lugar em Aracaju na disputa pelo mandato de Deputada Federal em 2022, obtendo 9,73% dos votos válidos. O percentual ficou abaixo da votação que Emília Corrêa, Patriota, obteve em Aracaju na disputa pelo mesmo cargo em 2018, quando obteve 13,76% dos votos válidos, mas a votação de Eliane conseguiu superar satisfatoriamente os 6,42% de votos que Márcio Macêdo, candidato petista da mesma corrente de Eliane, conseguiu em 2018 na disputa com Emília.


Apesar da zona relativamente confortável, caso fosse do interesse da petista concorrer à prefeitura, seria necessário empenho pela construção de uma base política mais sólida na capital. Mesmo assumindo um cargo em Brasília, seria possível, basta ver a atuação que Márcio Macêdo vem realizando. Mesmo de forma muitas vezes equivocada, ele tem se esforçado para ser presente em Sergipe desde que assumiu o cargo de ministro.


Sem Eliane, o PT entra numa situação um pouco mais complicada, graças à baixíssima oxigenação de quadros que tem feito. Um outro nome do partido que tem se movimentado é justamente Márcio Macêdo, porém, o seu histórico eleitoral e as ranhuras que tem feito nas relações com correligionários o enfraquece, parecendo ser mais seguro permanecer como ministro.


Valadares Filho, PSB, que tem um histórico na disputa pela eleição de Aracaju já demonstra recusar a ideia. Saindo de mais uma derrota, viu sua votação minguar na capital, ficando em 4º lugar, um termômetro bastante desanimador. Valadares tem afirmado que irá concentrar seus esforços na reconstrução do partido.


O nome de Sérgio Gama, presidente estadual do MDB, partido de centro mas aliado ao PT no estado, vem começando a ser levantado por membros do grupo político. Sérgio foi candidato a vice-governador ao lado de Rogério Carvalho, PT, apesar de não ter um histórico de disputas próprias, tem a possibilidade de construir uma viabilidade caso se empenhe.


O primeiro desafio que Sérgio tem é de reorganizar o MDB no estado, que se encontra em situação similar a do PSB. Caso tenha êxito, pode ser uma alternativa numa composição com o PT na vice, invertendo a chapa de 2022. Sérgio é filho de João Gama, ex-prefeito de Aracaju, e possui estreita relação com o ex-governador Jackson Barreto e com o senador Rogério Carvalho.


O que pesa a favor e contra Sérgio Gama é justamente ser neófito na política, que o faz um nome sem grande rejeição, porém, desconhecido por grande parte do eleitorado. O fato de ter conseguido uma boa relação com lideranças petistas na última eleição e ser um nome com bom diálogo com o setor empresarial - uma dificuldade para o PT - o coloca como uma alternativa do grupo, como já afirmou o deputado federal João Daniel, PT.


Indo para além da aliança encabeçada pelo PT em 2022, há um quadro no PSOL que pode começar a ser visto como uma possibilidade interessante para a esquerda. Iran Barbosa, PSOL, foi o segundo mais votado para deputado estadual na capital em 2022 e possui um histórico positivo de votações na capital, garantindo conforto para disputar uma vaga na Câmara e o colocando como candidato interessante para a majoritária.


Apesar do longo tempo de política, Iran não é um nome que conta com grande rejeição no eleitorado. O fato de que Iran saiu do PT recentemente, deixando contendas com nomes importantes, dificulta a construção de alianças com a federação PT/PCdoB/PV. É necessário levantar o nome de Iran para que a escolha no campo de esquerda se dê de forma menos escassa.


Outro fator que deve servir de ponderação em relação a Iran é a situação de desconforto que qualquer aliança do partido causa em membros de discurso mais “utopistas”. Um exemplo, e talvez o ponto central, é a deputada estadual Linda Brasil, PSOL, que se recusou a apoiar a candidatura de Rogério Carvalho no segundo turno de 2022, mesmo com o fato de que a aliança de Fábio Mitidieri, PSD, tinha eleito a maior parte dos bolsonaristas em Sergipe.


Linda se omitiu da tarefa de escolher candidato no segundo turno da disputa ao governo, indo de encontro com o movimento dos demais companheiros de partido que apoiaram o candidato da esquerda. Apesar de Linda não possuir um grupo interno substantivo no PSOL, inclusive não participando de nenhuma corrente, segundo correligionários, a parlamentar é detentora do maior cargo eletivo conquistado pelo PSOL sergipano.


Linda também é um nome levantado para disputar a prefeitura pelo PSOL, assumindo um importante marco simbólico na história política de Sergipe. Apesar de ter obtido robustas votações nas últimas eleições, a parlamentar seria uma opção para marcar o debate, com menos viabilidade de furar bolhas e ganhar a disputa para o Poder Executivo - que não parece ser um objetivo dela.


Seja o nome de Sérgio Gama, Iran Barbosa ou Márcio Macêdo, o ponto central é que, para construir uma candidatura viável, a esquerda precisará de união, estratégia e começar a gastar sola de sapato o quanto antes. Enquanto o cenário da esquerda ainda é muito embrionário, a direita está atuando fortemente em Aracaju. Esperar mais para aumentar o tom da oposição não parece muito aconselhável.




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