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Foto do escritorAndré Carvalho

Esquerda sergipana precisa ouvir os recados de 2022 para voltar a crescer no estado


Foto: Janaína Santos

Nas eleições de 2022 a esquerda sergipana vivenciou uma disputa dura que merece ser compreendida por quem deste espectro faz parte. Já no primeiro turno, o candidato do PL, retirado da disputa, ficou em primeiro lugar e os eleitos para a ALESE, Câmara dos Deputados e para o Senado foram majoritariamente os alinhados à direita.

Na Alese, apenas três partidos do campo de esquerda elegeram representantes. PSOL, PT e PDT elegeram um deputado estadual cada. No caso do PDT, o eleito foi Garibaldi, historicamente quadro do MDB e com uma condução política que não o categoriza como “de esquerda”. Um fato que chama atenção é que o PSB não elegeu nenhum candidato - a última vez que isso aconteceu foi em 1994.

A eleição de 2022 garantiu ao segmento um tamanho aquém do que a esquerda costuma ter nas votações majoritárias. Na disputa pelas vagas na Câmara Federal o cenário ruim se repetiu, destoando do histórico de Sergipe ter ao menos dois deputados federais de esquerda. Em 2022, apenas o PT elegeu um representante de esquerda para representar Sergipe. Há muito tempo o estado não tinha uma bancada Federal com apenas um representante de esquerda e tão alinhada à direita.

Para o Senado, Sergipe elegeu um bolsonarista e, somando-se aos demais eleitos, liga um sinal de alerta para o espectro de esquerda. Desde já, deve-se estabelecer um projeto de reconstrução da força dos partidos que há muito não conseguem oferecer aos eleitores quadros novos e capazes de alavancar as votações dos partidos e animar novos grupos a construir política no estado.


O PT cresceu no estado numa conjuntura na qual oferecia quadros capazes de ativarem a esperança no eleitorado. Ana Lúcia, Marcelo Déda, Iran Barbosa, Conceição Vieira, Francisco Gualberto, Zé Eduardo, João Daniel, dentre outros, eram contemporâneos de um movimento de renovação que beneficiou a esquerda e Sergipe, mas, desde então, não ensaia repetir o feito.


No PSB, o alerta é ainda maior. O partido não conseguiu eleger nenhum candidato, apesar do bom desempenho de Valadares Filho para o Senado, e sequer conta com vereador na Câmara de Aracaju. O partido tem necessitado se aproximar dos ideais do estatuto e investir na formação de jovens lideranças, fora da família Valadares, e no fortalecimento dos segmentos setoriais. Com a estrutura nacional do partido, há condições para isso.

No PDT, o acesso ao poder está numa situação confortável, sem que, com isso, atue na prática como força de esquerda. O partido compõe o governo estadual eleito em 2022 e está no comando da prefeitura de Aracaju. Estar no poder faz com que, naturalmente, o partido cresça por atrair quadros já formados visando a viabilidade eleitoral. Para o PDT o desafio é conseguir atrair quadros capazes de representar a ideologia do partido.

O PCdoB sentiu fortemente a saída de Edvaldo Nogueira (PDT) e, posteriormente, de quadros relevantes. Compor federação com PT e PV o torna atrativo para a eleição da Câmara de Aracaju e deve focar em eleger um representante para fortalecer o partido, que obteve na eleição de 2022 em Sergipe suas as piores votações das últimas duas décadas.

O PSOL é um partido em curva ascendente na política sergipana. O partido tem sido capaz de animar o eleitor da capital, e, se mantiver o alinhamento às novas demandas de representação, tende a continuar crescendo. Entretanto, há uma dificuldade em alinhar as práticas e interesses das lideranças que compõem o partido. Duas lideranças no PSOL ganham destaque no sentido de capacidade de impulsionar o partido. A vereadora Sônia Meire e o professor Iran Barbosa, que são de forças internas distintas, demonstram ter um compromisso maior no sentido de construir o partido e consolidar alianças no sentido de fortalecer o espectro de esquerda.


Em 2022, o PSOL sergipano apoiou o nome do PT no segundo turno ao governo - apoio sub-aproveitado pelo PT - e o PSOL nacional apoiou, desde o primeiro turno, o nome de Lula (PT) à presidência. As duas atitudes demonstraram a compreensão da importância de combater a ascensão política da direita. Divergindo dessa compreensão, a então vereadora Linda Brasil se recusou a apoiar o PT.


A eleição de Rogério Carvalho (PT) ao governo representava uma conjuntura de melhores condições para o fortalecimento dos partidos de esquerda no estado. Apesar da direita sergipana ter saído fortalecida em 2022, ainda há espaço para o crescimento de forças à esquerda, sendo o PT o partido com melhores condições de fazer isso. Pelo papel hegemônico que o partido tem na esquerda brasileira, seria esperado que ele liderasse um processo de planejamento e execução de estratégias para uma reação do campo em Sergipe, porém, o partido tem esbarrado nas próprias disputas internas, fazendo as expectativas não se consolidarem.

Os partidos de esquerda precisam profissionalizar as estratégias. Além da necessidade de aumentar as votações, é fundamental que se busque qualidade ideológica daqueles que virão a compor e representar as legendas. Atualmente, não é possível visualizar claramente um movimento em reação da esquerda, em contrapartida, os partidos de centro e direita parecem compreender bem essa necessidade e estão se dedicando na construção estratégica de alianças e quadros para as próximas eleições.


Texto derivado da análise publicada em 2 de novembro de 2022.



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