top of page
  • Instagram
  • Twitter
  • Foto do escritorAndré Carvalho

Enquanto parte do PT adota postura de “calado vence”, o povo sergipano segue perdendo


Foto: Instagram/Eliane Aquino

Em 2020, o Partido dos Trabalhadores (PT) iniciou o processo de rompimento com o grupo liderado pelo PSD em Sergipe. Num primeiro momento, o partido lançou candidatura própria à prefeitura da capital e posteriormente ao governo do estado de Sergipe. Nas duas oportunidades o PT defendeu que a ruptura era por divergências sobre a forma de governar.


A decisão do partido em romper com o grupo governista em Sergipe, nas duas ocasiões, foi tomada de forma coletiva, unindo militância e lideranças em torno de um projeto que não se colocava no sentido de ampliar espaços nos governos, mas para retomar o chamado “jeito petista de governar”. Tanto em 2020 quanto em 2022, petistas foram exonerados, mas compreendendo que o esforço seria necessário para que o partido não se distanciasse do seu propósito.


O candidato à prefeitura da capital em 2020 pelo PT foi Márcio Macêdo, atualmente ministro do governo Lula (PT). Naquela ocasião, o termo mais usado para falar sobre o governo de Edvaldo Nogueira (PDT) foi “abandono”. Márcio defendeu que Edvaldo abandonou a saúde, o comércio, o orçamento participativo e todo o povo de Aracaju. Os frequentes tuítes da campanha se posicionando contra a gestão de Edvaldo foram substituídos pelo silêncio. Depois de 2020, Márcio só tocou no nome de Edvaldo no twitter em 5 de janeiro de 2023.


O que aconteceu com toda crítica, com toda preocupação com os rumos de Aracaju? O silêncio após a campanha evidencia que o discurso da campanha de 2020 não significou um pacto com os eleitores do PT de que Márcio defenderia um projeto de cidade na oposição. O desempenho eleitoral de Macêdo e do PT naquela eleição foi um fracasso retumbante, tendo o partido eleito apenas uma vereadora e ficando em quarto lugar para o Executivo.

Em 2022, o PT novamente rompe apresentando um projeto de Sergipe que dialogasse com o projeto de governo de Lula. A militância aderiu a campanha e escalou o senador Rogério Carvalho (PT) para a missão. Diferentemente do que ocorreu em 2020, o partido conseguiu um bom desempenho eleitoral, tendo recebido praticamente 583 mil votos no segundo turno.


O comportamento do candidato derrotado após a eleição também difere nas duas eleições, enquanto Márcio Macêdo calou-se, Rogério Carvalho continuou com uma postura crítica em relação ao governo, compreendendo melhor seu papel de oposição. Entender isso é fundamental para manter a crença na política, respeitar a decisão da militância petista e a confiança do povo sergipano.


Apesar da vontade de boa parte do PT em ser e fazer oposição, a postura adotada pelo grupo liderado por Márcio Macêdo e Eliane Aquino (PT) vai no sentido de enterrar o movimento oposicionista em Sergipe. Enquanto a militância, os sindicatos e boa parte das lideranças do partido protestam contra o pequeno reajuste de 2,5% para os servidores, o aumento da alíquota do IPES, o crescimento de PPPs, a desvalorização prática e simbólica dos serviços e servidores públicos e demais erros do governo de Fábio Mitidieri (PSD), Eliane e Márcio silenciam.


O silêncio gera incômodo naqueles que esperam contar com uma oposição forte no estado. Por que Márcio e Eliane se calam? Não se importam com Sergipe? Ou se calam porque concordam com as ações do atual governo estadual? Durante o governo de Belivaldo Chagas (PSD) Eliane ocupava o cargo de vice-governadora e sempre poupou críticas públicas ao governador, o que frustrou a militância em alguns episódios. Quando a Alese votou o desmonte da carreira do magistério, em março de 2022, Eliane silenciou, negando apoio público à luta do Sintese. Naquela ocasião, o silêncio foi atribuído ao cargo. Agora a petista não está mais no governo e, mesmo tendo sido processada pelo PSD, silencia.


O silêncio de Márcio após 2020 foi justificado pela atuação no PT nacional, que não o impediria de demarcar posição, mas tudo bem. Mas agora que Márcio é ministro próximo ao presidente Lula, por que silencia? Marcio não só silencia como se aproxima do governo Mitidieri.


O silêncio dessas duas lideranças petistas é problemático porque ajuda a desmobilizar os esforços de oposição. Durante entrevista, o deputado estadual Marcos Oliveira (PL), lembrando o estilo de Marcelo Déda como deputado, se questionou se Déda adotaria o mesmo estilo ou faria uma oposição firme. Pelo histórico, silêncio seria raro.


Hoje, o PT tem dificuldade de cobrar uma atuação firme contra os excessos do governo daqueles que estão na federação (PT-PCdoB-PV). As ações e inações dessas lideranças não estimulam a oposição. Como pode João Daniel, presidente estadual do PT, cobrar novamente que Ibrain Monteiro (PV) atue como oposição se lideranças petistas o desautorizam?


Não há apenas silêncios, mas também sinais de que o desejo de Márcio e Eliane é compor novamente com o PSD. Na visita do ministro Camilo Santana (PT), o presidente estadual e deputado federal João Daniel ficou na segunda fila, na primeira fila estava o ex-governador Belivaldo Chagas e nomes que fortaleceram o bolsonarismo, como a deputada federal Yandra de André Moura (UB). Coisas como esta, que dão prestígio aos governistas e deixam petistas de lado, tem se tornado frequente.


Fazer oposição é compreender a importância de não ter presença política somente nas eleições, é respeitar o voto. Qualquer movimento que não sustente o PT na oposição se encaminha para o apequenamento do partido e para a desmobilização da militância. O que diferenciaria o PT do MDB, PSD, Solidariedade, PROS, PP e afins caso o PT voltasse a compor com o governo local para ocupar cargos?


Não há outro papel compatível com o crescimento do PT senão o fortalecimento dele enquanto oposição e o fim da burra antropofagia interna. Silenciar perante uma construção neoliberal em Sergipe é tornar o maior partido do Brasil nanico em Sergipe.


bottom of page