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Emília Corrêa precisará enfrentar isolamento e desconfiança para viabilizar candidatura


Vereadora Emília Correa
Foto: Gilton Rosas

A vereadora aracajuana Emília Corrêa, Patriota, tem se movimentado para viabilizar sua candidatura à prefeitura de Aracaju no próximo ano. O primeiro passo para alcançar o objetivo foi a ida da parlamentar para o espaço de vice-governadora na chapa liderada pelo itabaianense Valmir de Francisquinho, PL, no ano passado.


Emília já tinha disputado uma eleição estadual com bom desempenho. Em 2018 ela foi candidata ao cargo de deputada federal, obtendo 52.921 votos no estado. Na capital, a vereadora foi a mais votada com impressionantes 34.805 votos, entretanto, esbarrou no fato de que estava isolada num partido com baixíssimo desempenho eleitoral, não alcançando o quociente eleitoral.


Em 2022, Emília vai para a disputa em nível estadual novamente, dessa vez, como vice de Valmir. Ambos não tinham um histórico sólido de parceria, mas Emília era um nome com bom trânsito na direita e, por estar num partido irrelevante, não teria dificuldades em embarcar na candidatura do ex-prefeito de Itabaiana, mesmo com o imbróglio jurídico que envolvia a chapa.


Como a relação era muito embrionária, logo ficou nítido que a união não estava firme. Já no segundo turno, sendo impedido judicialmente de disputar, Valmir apoiou, de forma mal planejada, a candidatura de Rogério Carvalho, PT, fortalecendo o compromisso de ser oposição ao governo de Belivaldo Chagas, PSD. No mesmo dia, Emília se posicionou afirmando que não votaria em nenhum candidato ao governo por questão de coerência.


Qualquer um que saiba que a Terra é redonda perceberá que Emília, ao afirmar que o que fez era coerente, quase que simultaneamente ao anúncio do apoio de Valmir a Rogério, também pareceu estar falando que Valmir era incoerente. A reação de Emília foi estratégica para tentar disputar com Valmir um protagonismo com aquele eleitorado que ela sabia, como disse no vídeo, que queria especificamente Valmir.


Essa contextualização serve para chegar na construção da candidatura de Emília para 2024. Apesar do movimento de agradar um eleitorado mais radicalizado à direita do espectro ideológico, também colocou a vereadora novamente num lugar de desconfiança para aqueles que com ela formam alianças.


Mesmo estando numa conjuntura em que a parceria com Valmir levou Emília a um patamar de visibilidade na política sergipana que ela nunca antes havia assumido, a vereadora “jogou areia nos olhos” do aliado. Se fez sentido para a expectativa do eleitorado, estrategicamente não foi o melhor ato. Emília continua num partido insignificante e continua isolada na sua política, necessitando da construção de alianças para se viabilizar.


Mesmo com uma possível fusão do Patriota com o PTB, a situação desfavorável para o partido continuará a mesma. Juntos, os partidos possuem hoje uma bancada de 5 deputados federais, o mesmo número que o Patriota tinha eleito em 2018. Sendo esse número fundamental para o cálculo de fundo eleitoral e do tempo de rádio e tv, expõe a necessidade da parlamentar tentar atrair novos partidos para sua coligação.


Dificilmente encontrará na federação PSDB-Cidadania apoio ao seu projeto, pelo fato de que estão numa conjuntura especial que abordarei em breve. Os partidos que hoje estão na base governista não possuem interesse em criar contendas com o governador para embarcar no projeto de Emília. Logo, há uma necessidade para ela da manutenção da relação com Valmir visando garantir aporte financeiro do PL e tempo de rádio e tv, além do eleitorado menos ideologizado com o qual o itabaianense parece ter abertura.


Por mais que seja uma necessidade de Emilia, nas entrevistas que tem dado, a possível candidata demonstra esperar que Valmir a procure para oferecer apoio, mesmo com as ranhuras que de vez em quando a parlamentar causa na imagem do antigo colega de chapa. Ao analisar a movimentação e a articulação da vereadora, parece que o método é primeiro tentar criar uma onda pró-candidatura que emule um pouco o que ocorreu com Valmir em 2022, para que o “Pato” fique em uma situação embaraçosa.


Como nas oportunidades em que teve de “cotovelar” o colega de chapa Emília não hesitou, talvez seja mais vantajoso ao PL buscar lançar candidato próprio para que ganhe visibilidade na capital, mesmo com potencial eleitoral menor. Foi isso que Rodrigo Valadares, então no PTB, fez, colhendo os frutos em 2022. É isso também que o PSOL costuma fazer.


Na política, nem só quem ganha, ganha. Emília ganhou ao ser vice de Valmir, Valmir ganhou um peso político que não conseguiria caso não tivesse obtido a votação que obteve. Há outros nomes que ganharam na última eleição mesmo sem conquistar mandato, como foi o caso de Niully Campos no PSOL.


Emília precisará mostrar que a parceria com ela trará ganhos maiores para os possíveis aliados do que apostarem em si ou em outros candidatos. Emília já se demonstra bastante dificultosa para êxito em segundo turno na capital, pelo perfil mais radicalizado de direita, sem conseguir viabilizar apoios, talvez veja o destaque que hoje tem ser superado pelo trabalho de construção dos demais candidatos.


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