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Deso, vender ou não vender, eis a questão!



Pela reação do governador Fábio Mitidieri, PSD, ao ser questionado sobre a venda Deso e o clima fervente que está acontecendo nos corredores da empresa, a “privatização” não será feita em águas tranquilas. Aqui a palavra está entre aspas porque mesmo que sejam dadas as explicações técnicas, mostrando que não haverá a venda da empresa, com a mesma ficando sob o comando do Estado, quem vai administrar a parte de distribuição da água será a iniciativa privada, e isso não é outra coisa, senão a privatização desse serviço.


De acordo com o próprio governador, o Estado continuará responsável pela captação da água, e não haverá divisão de regiões. “A empresa que ganhar vai ser responsável por Aracaju, e também de todos os outros municípios”. Sem dúvida que esse modelo além de atrair empresas de grande porte, dará maior tranquilidade quanto a qualidade do serviço em todas as regiões do Estado.


Uma coisa é fato: grande parte da sociedade sergipana reclama da qualidade dos serviços prestados pela Companhia, por conta da falta de água constante em várias regiões, motivada pela escassez do líquido precioso nessas áreas, ou pela deficiência na distribuição, passando pelo desperdício e pasmem, até pelo roubo da água em seu trajeto. Recentemente a empresa anunciou um reajuste na tarifa, o que engrossa ainda mais o tom das reclamações dos usuários. Nunca é tarde lembrar que a empresa que comprar também irá buscar lucros, e vai rever os valores cobrados atualmente, disso ninguém tenha dúvida!


Na Assembleia Legislativa, o ex-deputado Gilmar Carvalho era uma das poucas vozes que ocupava a tribuna, cobrando não só a melhoria dos serviços, mas também uma revisão na tarifa cobrada a título de taxa de esgoto, que chega até a 80% sobre o valor da água consumida. Gilmar chegou a propor uma CPI para colocar luz e transparência na Empresa. Hoje, quem já sinalizou que ocupará esse espaço é outro itabaianense, o deputado Marcos Oliveira (PL) aliado do ex-prefeito Valmir de Francisquinho e será ele que irá fazer esse debate com o governo de Sergipe.


O certo é que haverá discussão, passando pelos servidores da Deso, os terceirizados, que são muitos, trabalhando em empresas que há décadas possuem contratos. Afinal, essa “privatização” irá atingir os trabalhadores? Haverá demissões? As empresas que prestam serviços, continuarão ou os serviços serão executadas pela Empresa que comprar essa parte da Companhia? A venda será por um tempo determinado, ou em definitivo? E quanto ao Valor da venda? Já há um estudo demonstrando o montante que vale essa parte da Empresa? E o que o Estado fará com o dinheiro recebido com a venda? Espero que não seja dado o mesmo destino dos recursos recebidos com a venda da Energipe, U$ 577,1 milhões de dólares, em números de hoje, R$ 3,2 bilhões, aplicados em pracinhas e paralelepípedo às vésperas de uma reeleição, sem que houvesse nenhum projeto que assegurasse o desenvolvimento real do estado.


Pelo tom forte na reação do governador Fábio, quando questionado sobre o assunto, essa guerra terá muitos episódios. O meu conselho é que sejam realizadas as legítimas rodadas de audiências públicas, que uma decisão desse porte requer, até para atender a Lei. Que sejam ouvidos os representantes legítimos dos Municípios, e aqui abro um parêntese para perguntar: de quem é a competência legal pela captação e distribuição da água? Outra pergunta: os municípios receberão parte do valor da venda? Essa discussão já foi feita com os prefeitos? E mais, a titularidade do serviço já foi pacificada pelo STF?


Como vemos, a venda da parte da Deso responsável pela distribuição da água, não será uma tarefa simples! Outra dúvida, com quem ficará a responsabilidade para a captação e tratamento do esgoto, isso está dentro do pacote a ser vendido? Por esses e outros questionamentos, desejo realmente que o novo (pelo tempo que assumiu e também por ser um jovem visionário) governador, dialogue com a sociedade de forma tranquila, e ele sabe fazer isso; preservando a imagem da empresa, até para que a venda seja pelo valor de uma Empresa valorizada e não desvalorizada por estar sendo alvo de ataques. Afinal, todos nós sergipanos, precisamos saber que é essa empresa a responsável pelo “download” de água a cada instante que abrimos uma torneira.


 

Por Marcos Aurélio, Radialista e Administrador

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