A Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe passou por 2023 demonstrando pouco apetite pelo debate, mesmo em assuntos que representam grandes impactos nas vidas dos sergipanos. O Sergipense, em algumas ocasiões, abordou a subserviência prática do Poder Legislativo em relação aos planos do governo de Fábio Mitidieri (PSD).
Na última sessão de 2023, a subserviência se tornou ainda mais gritante, quando a Alese se colocou a analisar, debater e aprovar 54 projetos de lei em cerca de 18h. O principal autor dos projetos foi o Poder Executivo, com 25 proposituras. O alto número de matérias destoa das recorrentes sessões sem pautas e chama atenção para a capenga política que domina o estado.
O modo operante da Assembleia Legislativa de Sergipe tem sido de restringir ao máximo qualquer alteração por parte dos deputados em relação aos projetos de leis enviados pelo governo Mitidieri. Isso ocorre apesar de a Constituição Sergipana assegurar ao Poder Legislativo autonomia política, administrativa e financeira.
Durante as atividades, é notório que o líder do governo, deputado Cristiano Cavalcante (UB), exerce sobre os pares uma ascendência suficiente para que, em bando, sigam suas orientações. Em mais de uma oportunidade, pude observar que os parlamentares da base que prestavam atenção aos debates costumavam sinalizar concordância com emendas apresentadas pela oposição, mas que rapidamente se posicionavam contrários a partir da determinação do líder governista.
Apesar de indicar pessoas para ocupar espaços em governos não necessariamente transforme o Legislativo em uma massa completamente obediente, é o que tem ocorrido em Sergipe. Outro fator que pode explicar é que mais da metade dos parlamentares são políticos inabilidosos e que ocupam um espaço político como extensão do poder político de familiares e não entendem que, agindo dessa forma, tornam a importância individual de cada um deles diminuta.
Independentemente das razões, os deputados da base atravessaram o ano de 2023 falando que atuam em favor do povo, mas seguindo os desejos do governador. Infelizmente, Sergipe não conta com mais de 4 parlamentares com alguma disposição para contrariar o governador sempre que este atue de forma prejudicial ao povo. Em recesso ou não, a Alese não traz fortes emoções ao governo.