Marcado para hoje, dia 20, o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Aracaju está envolto em polêmicas que não apenas questionam a credibilidade do evento, mas também colocam em xeque a imparcialidade de todo o Sistema Atalaia de Comunicação. As acusações giram em torno de um suposto favorecimento às candidatas de direita Yandra de André (União) e Emília Corrêa (PL).
Organizado pela TV Atalaia, o debate será retransmitido pelas rádios Nova Brasil, Transamérica Aracaju e Rádio Cidade, e contará com a presença de todos os candidatos à prefeitura de Aracaju, exceto o representante do PCO. O que deveria ser uma oportunidade para os candidatos apresentarem suas propostas e características acabou, antes mesmo de começar, expondo as contradições nas concessões públicas de comunicação em Sergipe.
Segundo apuração do radialista Narciso Machado, o jornalista Sérgio Cursino teria se encontrado com a candidata bolsonarista Emília Corrêa para assessorá-la sobre as perguntas que ela faria aos demais candidatos durante o debate. Narciso apresentou imagens do encontro, colocando em dúvida a imparcialidade do debate, especialmente porque Cursino foi convocado pela emissora para atuar como mediador.
De acordo com as conversas reveladas por Narciso, Cursino teria solicitado que o encontro com a candidata fosse discreto e sem a presença de equipe técnica. Além disso, o jornalista teria mencionado um suposto direcionamento de outros profissionais do Sistema Atalaia em favor de Yandra de André. Nas supostas conversas, Cursino teria afirmado que "Fábio Henrique e Luis Carlos Focca estão completamente comprometidos e envolvidos com a campanha de Yandra", alegando que a razão seria a conexão política de Fábio com Yandra e um suposto "cachet altíssimo" em benefício de Foca.
Essas acusações são sérias e comprometem a credibilidade da emissora, que recentemente veiculava um programa de entretenimento apresentado pela deputada Yandra de André. Além disso, um "esquenta" comandado por Foca estava programado para anteceder o debate, com o radialista liderando uma série de entrevistas com os candidatos posteriormente.
Em resposta, o radialista Foca afirmou que as acusações são fruto de inveja, insinuando que Narciso estaria envolvido em reuniões noturnas com o secretário de comunicação, sem deixar claro se seria do governo municipal ou estadual, para discutir, possivelmente, pautas de interesse dos governistas. Ele mencionou, de forma indireta, que Narciso teria visitado uma agência de publicidade no dia anterior, sugerindo que ele também poderia estar combinando temas de interesse do grupo governista.
Independentemente das acusações, que agora se encontram nas mãos dos envolvidos e dos candidatos, o episódio destaca um problema ético significativo na maneira como as concessões públicas de comunicação têm se comportado no cenário político. Embora seja evidente que todos têm um lado, o problema se agrava quando essa parcialidade é ocultada daqueles que consomem seus produtos.