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Danielle Garcia deixa o protagonismo na oposição para assumir um espaço de desconfiança no governo


Danielle Garcia ao lado do governador Fábio Mitidieri e da primeira-dama de Sergipe, Érica Mitidieri
Foto: Igor Matias

Danielle Garcia, presidenta estadual do Podemos, ganhou notoriedade na política sergipana através de sua atividade de funcionária pública, enquanto delegada de polícia, e sua associação ao discurso lavajatista. O forte discurso oposicionista era sua marca, o que deixou para trás no segundo turno das eleições de 2022.


A primeira eleição de Danielle Garcia foi no ano de 2020, quando disputou a prefeitura de Aracaju pelo partido Cidadania. De cara, Danielle obteve um desempenho eleitoral invejável, superando nomes testados da política sergipana. No primeiro turno obteve 21% dos votos, dobrando seu percentual no segundo turno, saindo daquela eleição derrotada mas relevante.


Danielle conseguiu que partidos influentes e tradicionais em Sergipe (PL, PSDB e PSB) aderissem ao projeto do pequeno Cidadania. Num contexto de pulverização de candidaturas, conseguir a confiança de políticos como Edvan Amorim e Valadares Filho já demonstrou que de amadorismo não tinha nada.


Mantendo-se relevante na política sergipana por conta da notoriedade que a atuação de delegada lhe deu, Danielle conseguiu ir para a disputa ao senado em 2022 como favorita do início ao fim da campanha. As urnas, por outro lado, só expressaram esse favoritismo na capital, no contexto geral do estado amargou o quarto lugar.


A eleição ao senado era apontada como uma oportunidade de que ela assumisse a liderança do grupo de oposição do qual fazia parte ao lado de políticos como Alessandro Vieira, PSDB. A derrota frustrou essa possibilidade, levando Danielle a mergulhar de cabeça na campanha do candidato de Belivaldo Chagas, PSD.


Se antes afirmava, como ao portal de Jozailto, que tinha como objetivo “libertar o povo de Sergipe das mãos do atual grupo político”, hoje faz parte da base, ao lado daqueles que apontava representarem o atraso do povo sergipano, como Belivaldo Chagas, Edvaldo Nogueira, PDT e André Moura, UB.


Danielle foi a primeira do seu grupo a ir para a campanha de Fábio Mitidieri, PSD, de uma maneira tão abrupta, convicta e confortável que parecia ser a situação que tinha virado oposição. Como premiação pelo empenho, ganhou a nomeação de secretária especial de políticas para as mulheres, que apesar da relevância do tema, não possui a mesma deferência no orçamento.


A derrota eleitoral em 2022 não bastaria para diminuir a potência de Garcia em Aracaju, visto que foi ela a mais votada para o senado na capital. Caso mantivesse coerência com o discurso que construiu sua imagem, seria natural vê-la se colocando como favorita na sucessão à Edvaldo Nogueira, PDT. Hoje, seu nome vem sendo rejeitado de pronto por antigos aliados, como Emília Corrêa, Patriota.


O caminho adotado por ela, Alessandro Vieira, Kitty Lima, Milton Andrade e Samuel Carvalho, os três últimos do Cidadania, os tiraram de uma percepção de uma oposição resiliente em um propósito para assumirem características da prática política que sempre criticaram. Houve um ganho claro em espaço de poder, mas, com isso, deixaram um voto de qualidade solto e pronto para buscar quem assuma os compromissos deixados por eles.


O espaço de poder que ela hoje assume está intrinsecamente ligado à capacidade eleitoral dela. O contexto em que ela está no grupo é de contenção do espaço político dela por parte do agrupamento que vê nela uma ameaça. É difícil conceber que, num agrupamento em que Danielle Garcia foi nascedouro de crises repetidas vezes, seu espaço será facilmente aumentado.


Por trás dos sorrisos amarelos, deve haver um sentimento constante de desconfiança em relação aos potenciais da aliança hoje estabelecida. Não creio que nenhum dos envolvidos seja ou esteja inocente, mas desconfio que um dos lados calculou pouco. O peso daqueles que foram pessoalmente ofendidos e acusados por Danielle e Alessandra no grupo é muito mais alto do que o dos recém aliados.


Não à toa, Danielle se movimenta em trânsito e conversas constantes nos órgãos do estado. Mostra sua capacidade de articulação visando superar as barreiras orçamentárias de sua pasta, construindo relações políticas em diferentes áreas do governo. Quem acompanha os passos da habilidosa política perceberá que não há uma pasta deste governo com a qual ela ainda não tenha iniciado conversas.


Por outro lado, a base do governo parece ter interesse em colocar a atual secretária de assistência social, Érica Mitidieri, para atuar na temática de políticas para mulheres e, assim, colocar mais uma dificuldade no crescimento interno de Danielle. Érica também é companheira do governador, garantindo-lhe, naturalmente, destaque e expectativa de atuação nas diversas frentes do governo. Uma construção de pauta e de imagem que lembra a da ex-senadora Maria do Carmo, PP.


Além de ter perdido o discurso de enfrentamento à corrupção, Danielle não teve sorte de ter um razoável orçamento. Apesar da importância temática de sua pasta, não conseguirá entregar muitas ações ou obras com total protagonismo de sua pasta, sendo sempre colocada como parceira, como no combate à violência ou na assistência social às mulheres em vulnerabilidade.


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