Quando o nome da jornalista Candisse Carvalho (PT) surgiu no cenário político, muitos questionaram sua capacidade de conquistar votos. Como uma novata na arena eleitoral, Candisse começou o ano de 2024 aparecendo nas pesquisas com percentuais modestos, variando entre 0% e 1%. No entanto, antes mesmo do início oficial da campanha na TV e no rádio, a petista já mostra competitividade, tornando-se uma candidata viável para disputar uma vaga no segundo turno.
No início de 2023, o Sergipense já alertava o PT sobre o risco de não apresentar um candidato forte para os eleitores aracajuanos. Mesmo assim, o partido hesitou, aguardando que figuras como Márcio Macêdo (PT) ou Eliane Aquino (PT) se colocassem à disposição, o que não ocorreu. Além de não manifestarem interesse na disputa, ambos se afastaram das batalhas políticas locais, deixando de atuar ativamente na defesa dos trabalhadores e no combate ao bolsonarismo local.
Atualmente, Sergipe enfrenta um cenário de ascensão das forças de direita e centro-direita. Em 2018, Emília Corrêa (PL) foi a candidata a deputada federal mais votada em Aracaju, e em 2022, Valmir de Francisquinho (PL) liderou a votação na capital no primeiro turno para o governo estadual. A bancada sergipana no Congresso Nacional é majoritariamente composta por deputados de direita ou centro-direita, e o estado elegeu um senador bolsonarista e um governador neoliberal alinhado ao bolsonarismo em 2022. Diante desse panorama, é lamentável e imperdoável que figuras da esquerda cruzem os braços e assistam à história passar sem intervir para mudá-la.
Apesar dessa conjuntura, somente no final de 2023 surgiu o nome de Candisse, amadrinhada por Ana Lúcia (PT), João Daniel (PT) e Rogério Carvalho (PT). A petista enfrentou boicotes internos que ficaram públicos, entretanto, Candisse foi às ruas fazer pré-campanha, percorreu rádios e correu trecho para conquistar apoio dentro e fora do PT, o que parece ter dado resultados. Candisse já obtém índices maiores nas pesquisas dos que Márcio, veterano na política, obteve em período semelhante na disputa de 2020.
As últimas pesquisa Quaest e Veritá colocam a petista com 9% e 8% respectivamente, enquanto no início de outubro de 2020, quando o calendário eleitoral fora adiado, o atual ministro aparecia com 5%. A comparação demonstra um cenário propício para que partido obtenha nesta eleição resultados melhores que obteve na última eleição municipal em Aracaju.
Embora a campanha contra as forças conservadoras ainda esteja em sua fase inicial, é positivo que ao menos uma das duas candidaturas do campo progressista de esquerda se mostre viável para chegar ao segundo turno — superando um cenário na qual as chances aparentavam ser remotas. Agora, é crucial que o PT reconheça a importância histórica deste momento e trabalhe incansavelmente para derrotar hoje um perigo que, se ignorado, pode se tornar ainda maior amanhã.