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Congresso do PSOL consolida grupo de Iran Barbosa, fortalecendo Niully Campos como pré-candidata

Primavera Socialista, grupo liderado por Iran Barbosa em Sergipe, se consolida como principal força no partido.
Foto: Instagram Sônia Meire

No mês de outubro o PSOL finalizou as etapas dos seus congressos municipais, estaduais e nacional, resultando no fortalecimento do grupo majoritário, Primavera Socialista e Revolução Solidária, no partido. Em Sergipe, o congresso estadual conseguiu modificar fortemente o peso das correntes na configuração do partido.


Nacional


O 8º Congresso Nacional do PSOL elegeu a historiadora Paula Coradi, da corrente Primavera Socialista, como presidente do partido. A vitória dela mantém a corrente na presidência do partido e representa também o fortalecimento da corrente Revolução Solidária, liderada pelo deputado federal Guilherme Boulos, na distribuição de forças do partido.


Além de eleger uma nova chapa para o diretório nacional, o congresso aprovou resoluções que demarcam o posicionamento do partido. Sobre as eleições de 2024, a resolução aprovada demonstra maior abertura à construção de frentes com partidos de esquerda e de centro-esquerda em locais nos quais a conjuntura exige essa união para derrotar os representantes da extrema-direita.


As resoluções demonstram que o PSOL enxerga no presidente Lula (PT), atualmente, maior capacidade para o enfrentamento da extrema-direita no Brasil e na agenda internacional. O apoio à eleição do presidente Lula em 2022 foi compreendido como um acerto e que é necessário o estímulo à mobilização social pela defesa do programa de governo vitorioso nas urnas.


O partido elencou como prioridade a reeleição do prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues, e as eleições de Guilherme Boulos em São Paulo (SP), de Tarcísio Motta no Rio de Janeiro (RJ) e de Talíria Petrone em Niterói (RJ). Além disso, reafirmou que estará em busca de efetivar um papel decisivo nas grandes cidades do país, seja na cabeça de chapa ou na construção de frentes eleitorais de esquerda.


A chapa “Todas as Lutas”, que tinha Paula Coradi como candidata, obteve 300 votos contra os 147 votos do grupo intitulado “Bloco Democrático de Esquerda”. Os demais nomes que irão compor a nova diretoria serão definidos pela proporcionalidade de votos das tendências. De Sergipe, a indicação é que a Primavera Socialista indique Ramon Andrade e a Resistência renove a participação de Alexis Pedrão no diretório nacional.


O congresso nacional do PSOL ainda foi alvo de confusões e acusações por parte das tendências minoritárias de que as correntes que formam o bloco majoritário estariam articulando manobras para que a influência dessa minoria fosse diminuída.


Sergipe


No diretório de Sergipe, a professora Rosana França foi eleita presidente estadual, em sucessão a Ramon Andrade. Das 11 cadeiras do diretório estadual, a Primavera Socialista, liderada pelo professor Iran Barbosa, ficará com 6, a Revolução Solidária, liderada por Izadora Brito, e a Resistência, liderada por Sônia Meire, ficarão com 2 cadeiras cada e o Movimento Esquerda Socialista, liderado pelo professor Luis Alberto, 1 cadeira.


No diretório de Aracaju, Magal da Pastoral foi eleito presidente. Das 9 cadeiras do diretório da capital, a Primavera Socialista ficará com 5, a Revolução Solidária e a Resistência ficarão com 2 cadeiras cada.


A corrente Insurgência, que contou com o apoio da deputada estadual Linda Brasil, não obteve votos suficientes para garantir cadeiras dos diretórios estadual e municipal de Aracaju. Na etapa municipal da capital, a corrente obteve apenas 5% dos votos.


Alexis Pedrão, representante da Resistência, enxerga no congresso do partido uma frustração para a militância e queixa-se de que a corrente Insurgência tenha ficado sem cadeira nas direções locais: “o grupo Primavera que fez 49% dos votos indicou 51% das cadeiras da direção (uma distorção) e uma corrente política, a Insurgência, foi excluída da direção partidária”. A exclusão da Insurgência, que obteve 5% dos votos e não reservou vaga numa das 9 cadeiras do diretório da capital, foi, no entendimento de Alexis, fruto de uma manobra burocrática.


Segundo Alexis, foi definido um número par de delegados (24), diferentemente dos congressos nacional e estaduais, que optaram por número ímpar. A situação teria criado uma maioria artificial e feito com que a aliança nacional entre as correntes Primavera Socialista e Revolução Solidária não se replicasse em Sergipe, onde as correntes apresentaram teses em separado. O dirigente ainda reclama de o congresso não ter votado nenhuma resolução política, frustrando expectativas.


Ramon Andrade, liderança da Primavera Socialista em Sergipe, compreende que o desempenho da corrente reflete a construção partidária realizada e a aceitação desse projeto pela militância. Segundo ele, a defesa de um PSOL popular e com base sólida nas lutas dos trabalhadores é a defesa da Primavera, uma visão que encontra respaldo na militância.


“O PSOL dobrou de tamanho em Aracaju e isso aumenta também nossa responsabilidade. Somos oposição a Edvaldo, a Mitidieri e a todos aqueles que defendem um projeto pautado no desmonte do serviço público e na privatização dos bens do nosso povo”, explica Ramon.


Izadora Brito, representante da Revolução Solidária, avalia de forma positiva o congresso, e entende que para sua corrente simboliza a consolidação dela enquanto a corrente que mais cresce no partido. “Consolida uma maioria muito confortável nacionalmente e, em Aracaju, a gente se consolida como a segunda maior força, o que é muito importante. Estadualmente, a gente também cresce e se consolida como força importante, acho que fruto de todos os acertos políticos que a gente vem tendo nos últimos anos”, afirma Izadora.


O entendimento da Revolução Solidária é que o congresso representou uma vitória para a corrente, e avalia que é importante, pois, cria um ambiente propício para a chegada dos movimentos sociais, como o MTST. Izadora Brito afirma ainda que é importante consolidar Linda Brasil como deputada estadual e Sônia Meire como vereadora, mas também ser um partido capaz de atrair lideranças como o professor Iran Barbosa e outras lideranças dos movimentos negro e feminista.


Sobre o processo eleitoral, o PSOL três nomes estão dentre as opções: Niully Campos, que representou o partido na eleição ao governo em 2022, Linda Brasil, deputada estadual, e Izadora Britto, atualmente Diretora Nacional de Articulação de Políticas Públicas do governo federal. Segundo Izadora, apesar dos três nomes ventilados, ainda não houve avanço no debate sobre a eleição municipal de 2024.


Alexis entende que a Primavera Socialista não consegue explicar porque o PSOL não decidiu, de forma consensual, em favor do nome de Linda, mas coloca que “não aceitam que ela tenha sido eleita deputada estadual e Iran Barbosa não tenha alcançado a reeleição” como uma das possíveis explicações. Numa fala dura, Alexis afirma que “a Primavera brinca de luta de classes e nega a realidade”.


Por outro lado, Ramon Andrade, representante da Primavera Socialista, entende que a tese assinada por Niully Campos saiu vitoriosa e, a partir disso, a militância do PSOL já teria dado um recado sobre qual caminho pretende seguir em 2024. “Há preferência pelo nome de Niully, nós da Primavera apoiamos e temos como tarefa unificar o partido em torno disso”, elucida Ramon.


Os resultados dos congressos do PSOL, nos três níveis da federação, demonstram um fortalecimento das correntes que compõem a aliança majoritária e demonstram um partido mais aberto ao diálogo com demais forças do campo de esquerda. Em Sergipe, o resultado foi uma grande mudança no desenho partidário e o fortalecimento interno das correntes Revolução Solidária e, principalmente, Primavera Socialista.



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