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Com a bênção de Lula, Valadares Filho ganha uma segunda chance. Que ele compreenda e honre

Atualizado: 15 de fev. de 2023


Foto: Janaína Santos

Está anunciado um cenário nada positivo para o campo progressista nas eleições proporcionais deste ano no Estado de Sergipe. Como já abordei em artigo anterior, na corrida para a Câmara Federal, onde há oito vagas, a possibilidade de que o placar seja um 7 X 1 para a esquerda é muito alta.

Se para a Câmara Federal, onde a bancada sergipana representa 1,56% do total, esse cenário preocupa, no Senado, onde Sergipe tem o mesmo peso de São Paulo, o alarme soa mais alto.

As muitas e confusas pesquisas publicadas colocam Danielle Garcia, Podemos, e Valadares Filho, PSB, como os candidatos que lideram a disputa. De um lado, uma candidata mais à direita e que diz abertamente que entre Bolsonaro, PL, e Lula, PT, optará pelo capitão reformado. Do outro lado, um arrependido apoiador do impeachment.

Danielle, que muito se assemelha às ideias do seu aliado, Alessandro Vieira, PSDB, adotou um tom de campanha brando, dialogando com temas caros ao campo progressista, como igualdade de gênero e sensibilidade social. A estratégia da campanha é clara: humanizar a candidata para aproximá-la do eleitor.

Danielle e Alessandro não saem do campo da direita, mas adotaram uma estratégia de comunicar ao eleitor disposição para o debate, o que é positivo num cenário onde a direita enveredou pela insensatez, mas que pode ser apenas uma armadilha. Apesar da forma mais bonita, a essência é a mesma do bolsonarismo e do lavajatismo, com predominância do último.

Valadares Filho, por outro lado, é um histórico aliado da esquerda que retorna ao campo após perambular pelos delírios que tomaram a política nacional nos últimos anos. De 2016 a 2021 Valadares Filho parece ter acompanhado os erros que muitos brasileiros cometeram, o que pode atenuar ou não a sua culpa.

Apesar dos “vacilos”, Lula e o seu partido perdoaram Valadares Filho pelos erros e decidiram dar a ele um voto de confiança. Ele disputa o eleitor de esquerda com Henri Clay, PSOL, com quem formou aliança em 2018, quando Clay não demonstrou problemas com o voto de Valadares no impeachment de Dilma Rousseff, PT.

Em artigo anterior, afirmei que caberia aos adversários fazer más escolhas para que esse picolé de chuchu pegasse gosto de Lula, e foi exatamente o que aconteceu. Eduardo Amorim, PL, Laércio Oliveira, PP, e Danielle Garcia são certezas de oposição ao projeto de esquerda progressista que Lula representa, restando Valadares Filho como candidato viável comprometido com Lula.

Claro que ainda tem Henri Clay. Entretanto, ainda não demonstrou fôlego para derrotar Danielle. Com o perigo de a esquerda ficar com apenas um representante dos 11 no Congresso Nacional, parece sobressair o sentimento de que é preferível dar uma segunda chance a Valadares Filho do que embarcar num projeto bolsonarista.

Até mesmo Jackson Barreto, MDB, compreendeu a delicadeza do momento e, sensibilizado pelo pedido de Lula aos sergipanos, declarou apoio ao candidato do PSB. Fator fundamental para que não ocorresse com ele o que ocorreu com Danilo Cabral, PSB, em Pernambuco, que apesar de ser o candidato de Lula, vê o eleitor ”dele” optar por Marília Arraes, Solidariedade

Valadares Filho precisa assumir, como tem feito, o compromisso de ser leal a Lula e ao projeto de um Brasil comprometido como o social. Mas não apenas. Valadares tem que assumir também a missão de reconstruir seu partido na esquerda, para que Sergipe tenha alternativas satisfatórias nas próximas eleições.

Aproveito para chamar atenção para uma possível “segunda intenção” de Lula na eleição de Valadares Filho. Caso futuramente venha a concorrer e vencer a disputa pela Prefeitura de Aracaju, o braço direito de Lula, Márcio Macêdo, PT, assumiria o mandato e engrossaria o corpo do PT.

Há mágoas reais e justas em relação ao candidato do PSB, às quais subscrevo. Entretanto, são menores do que o compromisso de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, seja ele grosseiro ou elegante. Espero que Valadares Filho compreenda e honre a chance que a história lhe deu de corrigir sua biografia.

*Originalmente publicado no portal JL política.

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