Na noite da última sexta-feira, 23, Aracaju assistiu ao segundo debate eleitoral das eleições municipais deste ano. Organizado pelo grupo Fan, o evento foi mais eficaz em revelar o caráter e a postura dos candidatos do que em apresentar seus planos de governo. No entanto, cumpriu a função de oferecer aos eleitores um vislumbre daqueles que almejam comandar o Executivo de Aracaju.
Diferentemente do debate anterior, todos os candidatos compareceram, exceto o representante do PCO. Alterando a ordem de apresentação de ideias neste texto, o resumo do debate demonstra que Emília Corrêa (PL) e Yandra de André (União) foram as grandes perdedoras do debate, explicando, em parte, a ausência de Yandra no primeiro debate.
As candidatas bolsonaristas se apresentaram mais dispostas a apresentarem ofensas e grosserias entre ambas do que, em respeito ao eleitor, apresentarem claramente o que pretendem fazer em uma virtual gestão. Yandra somente escolheu Emília para fazer perguntas, que mais serviram para retroalimentar o fel odioso entre elas, o que pode preocupar aracajuanos e aracajuanas que esperam por uma gestão voltada para melhorias concretas.
O destaque positivo da noite veio das candidatas de esquerda. Candisse Carvalho (PT) e Niully Campos (PSOL) mostraram-se engajadas no debate, abordando temas relevantes para o cotidiano dos cidadãos. Candisse trouxe à tona questões como concursos públicos, combate à violência contra as mulheres, geração de emprego para jovens de baixa renda, a retomada de cirurgias de endometriose e a tarifa zero. Niully, por sua vez, pautou a discussão sobre o piso e a valorização dos professores, a preservação ambiental e o combate ao racismo.
Luiz Roberto (PDT) e Danielle Garcia (MDB) tiveram uma participação menos constrangedora que Yandra e Emília, mas ainda assim se mostraram inseguros e apáticos. Luiz fez perguntas a Danielle em duas das três oportunidades que teve; na terceira, foi ele o questionado por ela. Um jogo estranho entre os governistas, que preferiram um concorrente que talvez não pudesse demonstrar tanta agressividade.
Zé Paulo (NOVO) teve um desempenho caricato de bolsonaristas, lançou mão de negacionismo na questão do racismo e não teve pontos altos no debate. Em alguns momentos jogou como aliado de Emília Corrêa.
O desempenho desastroso de Yandra e Emília revela uma dificuldade das candidatas em lidar com questionamentos mais incisivos, justificando, em parte, a ausência de Yandra no primeiro debate e levanta dúvidas sobre a presença de Emília nos próximos debates. Por outro lado, as candidatas de esquerda reforçaram a impressão deixada no primeiro debate, realizado pela TV Atalaia, de que estão mais preparadas e dispostas a discutir as necessidades da população aracajuana.