A ascensão da extrema-direita bolsonarista em Aracaju não pode ser vista apenas como um movimento espontâneo do eleitorado, mas como o resultado de investimentos milionários dos partidos que sustentam o bolsonarismo. Até a manhã de 23 de setembro, os candidatos do PL, partido de Jair Bolsonaro, já haviam recebido R$ 9,2 milhões para campanhas ao Legislativo e ao Executivo na capital.
Os valores impressionam, e em alguns casos, ultrapassam o teto de gastos estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Emília Corrêa (PL) lidera o recebimento de verbas para a disputa pela prefeitura, com R$ 5,6 milhões, ultrapassando o limite de R$ 5,5 milhões fixado para a campanha ao Executivo.
No Legislativo, a candidata Moana Valadares (PL) também superou o teto de gastos, recebendo R$ 292.500, quando o limite é de R$ 241.578,25. Destacam-se doações generosas de empresários, como R$ 50 mil de Carlos Wagner Júnior, dono da rede de minimercados Massimo, e R$ 22.500 de Simone Valadares, mãe de Rodrigo Valadares (União) e sogra de Moana.
Apesar de a legislação eleitoral ter sido alterada para limitar a influência empresarial nas eleições e nos mandatos, doações de empresários ainda são permitidas. Até o momento, o maior doador em Aracaju é o empresário Luciano Barreto, da construtora Celi, que doou R$ 100 mil para a candidatura de Danielle Garcia (MDB), outro nome forte da direita bolsonarista. Luciano é avô do segundo maior doador, Carlos Júnior, citado acima pelo aporte de R$ 50 mil para a campanha da candidata Moana.
Além do PL, que lidera com mais de R$ 9 milhões, outros partidos comprometidos com projetos bolsonaristas em Aracaju também movimentam recursos impressionantes. União Brasil investiu R$ 7,7 milhões, o PDT R$ 6 milhões, o MDB R$ 4,2 milhões, o Podemos R$ 3,3 milhões, o PP R$ 1,9 milhão, e o PSD R$ 2,6 milhões. Em contrapartida, os partidos que se posicionam contra as candidaturas bolsonaristas apresentam recursos significativamente menores. O PT, por exemplo, conta com apenas R$ 2,9 milhões para suas campanhas, menos do que o PL investiu apenas na disputa por cadeiras na Câmara Municipal (R$ 3,6 milhões). O PSOL tem R$ 1,1 milhão, e o PV, R$ 370 mil.
Esses números deixam claro que a ascensão da extrema-direita bolsonarista em Aracaju não se deve apenas à preferência popular, mas é alimentada por massivos investimentos financeiros. A força desses recursos pode distorcer o processo democrático, consolidando projetos que não refletem necessariamente os interesses da maioria.