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Foto do escritorAndré Carvalho

Banalizar o uso político do nome de Marcelo Déda é agredir sua memória

Foto: IMD

Marcelo Déda foi um dos políticos sergipanos mais queridos de nossa história recente e, apesar de sua breve vida, deixou seu nome enraizado na memória do povo sergipano. Petista, construiu junto aos seus correligionários o caminho para que Sergipe elegesse um governador de esquerda, rompendo com a longa hegemonia da direita no estado. Contudo, é lamentável ver seu nome sendo utilizado como uma muleta para defender forças retrógradas.


É comum que aqueles que perseguem o poder a qualquer custo utilizem tudo e todos para alcançar seus objetivos, inclusive o legado de alguém que já não está aqui para, com justa propriedade, decidir se deseja ou não ter seu nome associado àquilo. Nas últimas eleições, testemunhamos candidatos usarem sua ligação com Marcelo Déda de maneiras diversas, na tentativa de adicionar brilho às suas candidaturas e, em alguns casos, camuflar o fétido odor de suas ideologias — ou da falta delas.


Embora em alguns contextos seja legítimo invocar o nome e o legado de Déda, é fundamental refletir se essa associação é apropriada para a ocasião e se, de alguma forma, não desrespeita aquilo pelo qual ele dedicou sua vida. Em 2022, uma constrangedora peça de campanha de Gustinho Ribeiro (Republicanos), então vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL), ocultou seu bolsonarismo e optou por recordar um distante passado em que fora líder do governo Déda na Alese.


Nesta semana, um episódio ainda mais escabroso ocorreu, onde a reflexão sobre o que é apropriado foi tristemente ausente. Luciana Déda (PSB), sobrinha de Marcelo e candidata à Câmara Municipal de Aracaju, evocou duas potências da esquerda — o número 13, do Partido dos Trabalhadores, e o legado de seu tio — para declarar apoio a Yandra de André (União).


Utilizar o nome de alguém querido para apoiar um projeto de extrema-direita, bolsonarista, que se opõe ao partido e aos ideais pelos quais essa pessoa lutou até o fim, é, no mínimo, questionável. Ao evocar o 13, pareceu-lhe não passar pela cabeça que estava, na verdade, defendendo o 44 — fruto da fusão do PSL com o Democratas de João Alves Filho.


Dado o impacto que Marcelo Déda teve na história de Sergipe e no coração de seu povo, é natural que seu nome seja lembrado de tempos em tempos. No entanto, é preciso haver zelo. Seu nome deve ser mencionado apenas quando estiver em sintonia com os ideais e valores pelos quais ele lutou, jamais para enaltecer aquilo que ele dedicou seus dias a combater.


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