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Foto do escritorAndré Carvalho

Auxílio moradia de R$ 200 da UFS não garante domicilio digno aos estudantes de baixa renda

Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Os desafios enfrentados pelos filhos da classe trabalhadora brasileira para cursar uma universidade são grandes, principalmente quando distantes do seu núcleo familiar. Para garantir a permanência, as universidades federais ofertam auxílios, garantindo a sobrevivência e a moradia dos estudantes, entretanto, na UFS, a oferta se mostra distante da realidade.


Atualmente, o auxílio moradia que a UFS oferta aos estudantes é de R$200,00 “para custear suas despesas com moradia”, como consta no site da instituição. Como a UFS não possui alojamento próprio, há também a opção de “Residência Universitária”, consistindo no valor de R$900,00 para que 6 estudantes aluguem conjuntamente uma moradia, sendo essa opção a que conta com menor número de vagas.


Em ambas as modalidades, os estudantes possuem isenção no Restaurante Universitário (Resun) ou são incluídos no Auxílio Alimentação. No edital de julho de 2023, a UFS ofertou 306 auxílios de moradia e 96 vagas no Programa de Residências Universitárias.


O valor ofertado pela instituição parece não alcançar a garantia de moradias seguras aos estudantes. Questionada sobre se o valor é suficiente para garantir uma moradia segura, a UFS preferiu não responder. Sobre as condições das moradias, a UFS informou que “A atribuição da equipe técnica da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis restringe-se ao acompanhamento contábil e de prestação de contas dos discentes tesoureiros responsáveis pela execução do recurso destinado a garantir a permanência acadêmica”.


Procurado, o DCE, que representa os estudantes, considerou o valor do auxílio moradia “extremamente baixo”, sem conseguir atender às necessidades dos estudantes. Salientando a busca dos estudantes por residências no entorno dos campus, considerou que “a situação piora quando o estudante é vulnerável economicamente, R$200,00 é um valor insuficiente. Inclusive, mesmo alugando quartos muito pequenos, o valor médio é entre R$400,00 e R$500,00”.


O DCE afirmou ainda que mantém diálogo com a  Reitoria e com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROEST) para discutir a situação da assistência estudantil, cobrando reajuste nos valores de todas as bolsas. Sobre as residências coletivas, o DCE entende que o valor não garante moradia digna próxima à UFS e as despesas com água e luz.


Outro fator levantado foi o acompanhamento da assistência social. No entendimento da representação estudantil, o acompanhamento não acontece eficazmente, “deixando os estudantes assistidos pelo PRU totalmente largados. A UFS hoje é muito negligente nesse sentido. Dizem que fazem esses acompanhamentos, porém os estudantes quando consultados relatam nunca ter visto esse acompanhamento”, afirma Fábio Henrique, membro do DCE.


Um dos receios com os limites pecuniários impostos pela instituição é que tragédias envolvendo moradias irregulares, como a ocorrida no início do ano em Aracaju, se repitam em moradias estudantis. Questionado no Twitter sobre a fiscalização das moradias no Rosa Elze, onde fica situado o maior campus da UFS, o prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana (MDB), reagiu com animosidade e desproporcionalmente ao questionamento. 

Contudo, o Sergipense buscou a prefeitura de São Cristóvão sobre as fiscalizações dos prédios no entorno da UFS de São Cristóvão. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informou que possui uma equipe de fiscalização que faz rondas sistemáticas nas obras que estão em andamento, seguindo todas as normas exigidas em legislação.


A secretaria ainda ressaltou ser responsabilidade dos proprietários informarem obras ou intervenções estruturais e que as fiscalizações abrangem apenas obras em andamento. Sobre moradias inseguras já construídas,  restariam campanhas educativas. 


Ainda segundo a Seminfra, até o dia 28 de dezembro de 2023, foram contabilizadas 240 notificações, 70% delas no Grande Rosa Elze, dentre elas 34 autos de embargos e o mesmo número fruto de denúncias.


A busca por condições dignas de moradia para os estudantes da UFS é fundamental para a democratização do ensino superior no estado e para o fomento de mobilidade social, tornando nossa sociedade menos desigual. O valor hoje ofertado vai na contramão e não garante aos estudantes condições dignas durante sua formação.


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