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Foto do escritorAndré Carvalho

Aracaju se despede da professora Ângela Melo, eterna na luta por um Sergipe justo


Foto: Gilton Rosas

Na madrugada desta sexta-feira, 6, a vereadora Ângela Melo desencarnou aos 67 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ângela vinha enfrentando uma pneumonia há três meses, e recebeu alta no dia 2 de outubro para continuar o tratamento em casa.


Historiadora, professora concursada da rede estadual de Sergipe e da rede municipal de Aracaju, ex-presidenta do Sintese e diretora executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores, Ângela se inscreveu na história da política sergipana como uma referência de luta para o campo progressista.


De família tradicional e conservadora, veio do interior sergipano para a capital aos 9 anos de idade, em decorrência de um processo de falência de sua família. Foi criada no bairro 18 do forte, onde iniciou seus trabalhos e processo de observação sobre as desigualdades sociais e seu enfrentamento.


Ao ingressar na Universidade Federal de Sergipe, Ângela dividiu vivências com Marcelo Déda, com os professores Luiz Eduardo e Luiz Alberto, que estavam trabalhando na criação do Partido dos Trabalhadores. Ao se aproximar da luta sindical, representou a Escola Prof. Artur Fortes na luta do magistério e formou grupo com os professores Diomedes, Alexandrina, Ana Lúcia, entre outros, com os quais atuou no Sintese.


Além da luta do magistério, Ângela era uma importante militante da luta feminista. Reconhecia que o movimento sindical e político, inserido numa sociedade patriarcal, ainda era um ambiente masculino, que apresentava resistências para que mulheres ocupassem espaços de comando e atuava para combater essa problemática.


Marxista, compreendia que a nossa sociedade capitalista e patriarcal tinha na acumulação da propriedade privada, na acumulação de capitais, na exploração do trabalho e no patriarcado seus pilares. A partir dessa análise, entendia que não era possível desconstruir esses males do dia para a noite, sendo vista nas lutas sindicais e políticas de esquerda a presença infeliz da perspectiva machista.


Filiada ao PT desde maio de 1989, Ângela construiu sua caminhada nos movimentos sindicais, sem muito interesse em disputas eleitorais. Foi convidada pela tendência petista Articulação de Esquerda, da qual fez parte até 2019, a disputar um mandato de deputada federal em 2018, quando obteve 13.528 votos, ficando na suplência.


Em 2020, já na tendência Militância Socialista, foi convidada pelos professores para se candidatar ao mandato de vereadora de Aracaju. Apesar de apresentar uma resistência inicial, aceitou enfrentar a campanha durante a pandemia de covid-19. Saiu vitoriosa, sendo a única vereadora petista eleita naquele ano.


Ângela sonhava com uma sociedade sem desigualdades e fazia disso sua motivação para fazer política. Lutava por uma sociedade justa, com acesso igualitário à educação, à moradia, à saúde e com um bem estar para que as pessoas pudessem viver felizes.


Sergipe perde a presença física de uma grande política, que viverá nas lutas deste estado contra as diversas desigualdades que persistem em atormentar a vida do nosso povo. Nas manifestações dos professores, nas Paradas LGBTs, nas manifestações contra o racismo, contra o machismo e nas lutas pelos trabalhadores, estará presente a força de Ângela Melo.


Com o seu desencarne, cria um vazio por não tê-la incansavelmente junto aqueles que lutam e sonham por um Sergipe justo para todos. Aos familiares, que o sorriso frequente de Ângela seja o abraço quente nos momentos de saudade. Aos companheiros de luta, que a saudade seja motivação para continuar a luta, sem esmorecer.


Seu velório está acontecendo desde às 10h30min desta sexta-feira na Câmara Municipal de Aracaju. O sepultamento está marcado para às 16h no cemitério colina da saudade.



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