Favorita em pesquisas, a vereadora Emília Corrêa (Patriota) tem demonstrado dificuldade para obter apoios na classe política. A situação da vereadora complica com a chegada de André Moura (UB) à capital.
Atual favorita para o pleito ao Executivo da capital de 2024, Emília Corrêa acumula bons desempenhos eleitorais que dão a ela um peso significativo na política aracajuana. Além disso, na última eleição a vereadora conseguiu maior destaque na política sergipana quando formou chapa ao governo ao lado de Valmir de Francisquinho (PL), que liderou o primeiro turno.
A expectativa frustrada da eleição que tornaria Emília vice-governadora parece ter fortalecido um projeto que Emília chegou a ensaiar em 2019, após ter recebido em 2018 robustos 34.850 votos para deputada federal em Aracaju. Naquele momento, a vereadora optou pela reeleição e apoiou Rodrigo Valadares (UB), à época no PTB.
Segundo declarações de Emília, os resultados eleitorais de Valmir subsidiam uma sensação de possibilidade real de ter êxito, em detrimento de seu isolamento político - ponto que fragiliza sua candidatura.
Apesar do frenesi em torno da pré-candidatura da parlamentar, poucos são os que surgiram como virtuais aliados dessa empreitada. Um deles foi o vereador Ricardo Marques (Cidadania), que chegou a ser apontado como possível vice, mas, ao que parece, acabou sendo fisgado pela persuasão de André Moura (UB).
É nítido o interesse de André em fazer sua filha, Yandra Moura (UB), prefeita da capital, o que garantiria a ele e seus aliados maior capacidade de fazer frente ao governador Fábio Mitidieri (PSD). Para isso, André tem dialogado com vereadores e lideranças de Aracaju e mirado em possíveis aliados de Emília.
André e Emília são espécimes do mesmo segmento ideológico (direita e antipetismo), entretanto, não possuem as mesmas armas para conseguir aliados. O pai de Yandra, além de ser conhecido por sua capacidade de diálogo, é um dos políticos mais poderosos do estado, tendo peso significativo nas correlações de forças que sustentam o governo Mitidieri.
Emília, por sua vez, além de ser apontada como de difícil diálogo, possui a mácula de ter passado uma rasteira em Valmir no ano passado e não possui as mesmas condições de acomodar aliados que seu concorrente direto possui.
André parece compreender bem a conjuntura e está costurando o caminho para que Yandra seja candidata, causando pouco atrito no grupo governista e fragilizando a candidatura mais competitiva. André se aproximou do chamado “grupo dos 15”, composto por vereadores que anseiam maior espaço político, e de possíveis aliados de Emília.
Além de Ricardo Marques, André trouxe para perto nomes que se destacam na direita aracajuana e apresentam certa afinidade ideológica com Emília, como Sheyla Galba (Cidadania), André Davi (Rep), Daniele Garcia (Podemos) e Rodrigo Valadares, que recebeu o apoio da vereadora em 2020.
Outro ponto que fragiliza Emília é que o campo bolsonarista, que não tinha aderido ao grupo de Mitidieri no primeiro turno de 2022, foi rapidamente cooptado no segundo turno pela capacidade de convencimento e acomodação do grupo de Mitdieri, frente liderada por André e Laercio Oliveira (PP).
André tem conseguido construir a candidatura de Yandra sem muita capacidade de resistência do governador Fábio e sem qualquer preocupação com o apoio do atual prefeito da capital. Sabendo que a oponente a derrotar é Emília, tem sido eficaz em neutralizar sua articulação e trazer para o palanque de Yandra todos os que flertam com uma pré-candidatura da vereadora.
Se por um lado, o resultado do primeiro turno ao governo deu gás aos planos de Emília, o resultado da atuação de André junto à direita em Aracaju no segundo turno deram a ele o mesmo gás. Com menos de um ano para a eleição, resta saber se Emília conseguirá fazer frente às investidas de André Moura ao seu eleitorado.
