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Ainda sem nome à prefeitura, plenária do PT se reafirma oposição aos governos de Aracaju e Sergipe


Foto: Janaína Santos.

O Partido dos Trabalhadores de Aracaju realizou uma plenária no último sábado, 28, para debater a conjuntura e a eleição de 2024. A realização de plenárias faz parte da orientação do PT nacional, que recomenda a definição de nomes ainda neste ano.


O PT de Aracaju reuniu sua militância para debater o cenário político e se posicionar para a eleição de 2024. A realização da plenária era aguardada pelas forças do partido, visto que faz parte da prática partidária e da construção da tática eleitoral do partido, que gostaria de ter definido seus candidatos e cidades nas quais terão candidaturas ainda neste ano.


Apesar da orientação da direção nacional, não havia expectativa real de definição de nomes na plenária do partido, apenas de debates sobre as possibilidades. Porém, o encontro serviu para que PT saísse de um estado de letargia política.

O debate acerca de uma candidatura petista passou o ano de 2023 como água parada, propícia à criação de vetores negativos. O debate se resumia a uma incerteza sobre o desejo de Márcio Macêdo (PT) ou Eliane Aquino (PT) em disputar a prefeitura, sem, com isso, realizar o debate dos problemas da cidade ou construir alianças políticas para o próximo ano.


Recentemente, a letargia foi substituída pelo alvoroço pela entrada de Candisse Carvalho (PT) no leque de possibilidades do partido. Além de Candisse, o deputado federal João Daniel (PT) se colocou à disposição do partido e o nome de Robson Viana (PT) reapareceu como um flash - que rapidamente se apaga.

A entrada de novos nomes é benéfica ao partido que, na letargia, não teria tempo para apresentar opções caso o PT optasse por uma decisão de Eliane e Márcio sem construir alternativas. Fora isso, o posicionamento passivo não permitia ao partido debater os diversos problemas que se acumulam na capital sergipana.


Na plenária, o nome de Candisse surgiu no discurso de Rogério Carvalho, senador petista, mas apenas reafirmando que ela está à disposição do partido. O que centralizou os debates foram análises de conjuntura que, de forma unânime, afastou o partido dos governos de Fábio Mitidieri (PSD) e Edvaldo Nogueira (PDT).

A professora Ana Lúcia (PT), ex-deputada estadual, abriu os discursos fazendo uma leitura do que antecedeu a atual conjuntura e chegando no presente com a conclusão, aplaudida calorosamente pela plenária, de que o PT sergipano é oposição ao governo neoliberal de Mitidieri.

O Senador Rogério fez um discurso firme, reafirmando que o projeto de Sergipe defendido pelo PT em 2022 continuará norteando o partido. Demonstrou preocupação com as fundações hospitalares, com os trabalhadores da DESO, e com o viés neoliberal em detrimento dos serviços públicos.

Além de colocar o nome de Candisse à disposição, rebateu que o PT estaria dividido, pois entende que o projeto político que domina Sergipe não representa os sentimentos e os ideais petistas: “Tem gente que se desgarrou do PT por questões mesquinhas, umbilicais. O PT não está dividido, é preciso entender isso”.

O PT também se colocou na oposição ao governo de Edvaldo Nogueira. O posicionamento foi melhor explorado nos discursos do vereador Camilo Feitosa (PT) e de Silvio Santos (PT), ex-vice-prefeito de Aracaju, que demonstraram incompatibilidade entre o projeto de Edvaldo com o que o PT defende para a cidade.

Camilo demonstrou preocupação com a condição de vida dos trabalhadores da capital, que sofrem com um sistema de transporte público ineficaz, com uma cidade sem plano diretor, na qual prédios de luxo se erguem em detrimento da natureza, bem público fundamental a todos.

O discurso do vereador apontou que não há, na prática do atual prefeito, condições de aliança com o PT. Na análise de Camilo, o prefeito está alinhado à pauta da privatização e se aproximou do modo de governar da centro-direita, tornando, assim, uma aliança inoportuna.

Silvio seguiu na mesma linha de Camilo por compreender que há uma distância programática significativa entre o atual prefeito da capital e o que defende o Partido dos Trabalhadores. Relembrou que o partido apoiou Edvaldo em 2016, construindo um plano de governo ignorado pelo prefeito. Segundo Silvio, os motivos que levaram à candidatura de Márcio Macêdo em 2020 se mantiveram, não sendo interessante que o partido coadune com o projeto do PDT.


Em diversos discursos foi levantado que, mais importante do que a escolha do nome é a definição de projeto de governo que represente os ideais petistas e a construção de uma sociedade menos desigual.


A insatisfação com a dificuldade dos petistas sergipanos em ocupar espaços no governo Lula (PT) esteve presente no discurso de algumas lideranças, mas obteve seu retrato mais simbólico durante o discurso de Maria do Céu (PT), histórica liderança popular do partido. A militante ressaltou que a militância é quem defende o PT e que deveria ser priorizada neste momento, mas que não tem visto isso acontecer.

O grupo liderado por Márcio Macêdo não se fez massivamente presente, sendo representado por Cássio Murilo, atual superintendente do IBAMA em Sergipe. Apesar de dois nomes do seu grupo circularem nos bastidores como possibilidade, o representante não lançou nenhum nome à disputa.

É estranho que um grupo que disputa o partido não tenha se colocado massivamente na plenária, que é um instrumento importante dentro da prática petista, e que seus membros não tenham usado os microfones para reafirmar o interesse dos seus em representar o PT em 2024.


Outra ausência foi a da juventude, das diversas correntes, mas por força da IV Conferência Estadual da Juventude. O presidente do partido, João Daniel, justificou a ausência e ressaltou a importância da juventude na vida política do PT.

A plenária se deu num clima bastante calmo e sem divergência. Em nenhum momento foi levantada a hipótese do PT se aliar aos projetos do PDT e do PSD, inclusive, as críticas feitas por Rogério Carvalho sobre o assunto não foram contestadas.

O partido demonstrou interesse em se recolocar no debate político da capital, o que é importante para a reconstrução do partido, que perdeu parte de sua capacidade de mobilização ao compor os últimos governos. Defender um projeto de oposição é fundamental para que o partido consiga oxigenar sua militância e interromper o ciclo de redução de poder político na capital e no estado.

Pela ausência de discussão concreta acerca de nomes e pela recente entrada de novos atores, é difícil que em 2023 a militância petista escolha quem representará o partido na capital sergipana em 2024. Apesar disso, quem representar o partido terá que estar ciente que assumirá um trabalho árduo para enfrentar a extrema-direita e as poderosas forças políticas e econômicas.







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