O grupo governista de Aracaju decidiu na última terça-feira, 30, o nome que ocupará a vaga de vice na chapa encabeçada por Luiz Roberto (PDT). Enquanto Jackson Barreto (MDB) defendia uma inclinação mais à esquerda, a decisão final seguiu a orientação do senador Laércio Oliveira (PP): uma chapa à direita, de mãos dadas com o bolsonarismo.
A dupla que Edvaldo Nogueira (PDT) apresentará como sua aposta de continuidade em Aracaju será formada por Luiz Roberto na cabeça de chapa e pelo vereador bolsonarista Fabiano Oliveira (PP) na vice. Embora o candidato à prefeitura não tenha uma posição ideológica clara, o contexto estabelecido por seu vice e a correlação de forças que o sustentam são suficientemente robustos para indicar não haver espaço para quem defende uma agenda de esquerda.
Aos políticos de esquerda no palanque de Luiz Roberto, por relação histórica com Edvaldo ou por ocuparem cargos na atual gestão, não será suficiente a névoa saudosista de um passado em que Edvaldo se aliançou com a esquerda para disfarçar o presente. A realidade atual é robusta demais para ser ignorada: eles estão inseridos em um grupo de centro-direita que caminha em direção a um futuro ainda mais à direita. Se os representantes da esquerda estão dispostos a aplaudir o bolsonarismo, Laércio foi preciso ao dizer que “isso não fica bem”, quando vetou um vice mais a centro-esquerda para a chapa, por entender que gerava confusão ideológica.
Com o fechamento da chapa, confirma-se o que a gestão de Edvaldo Nogueira já havia demonstrado: um distanciamento contínuo das forças e dos compromissos de esquerda. Agora, cabe aos representantes da esquerda que se encontram no palanque de centro-direita refletir sobre a continuidade de um discurso que parece mais um desejo do que uma representação fiel da realidade. Para esse grupo, os votos podem ser bem-vindos, mas as bandeiras e os ideais da esquerda não têm espaço.
