Por Anderson Defon
O governador Fábio Mitidieri, PSD, em entrevistas, vem se mostrando simpatizante da ideia de privatizar a Deso, ou pelo menos o serviço de distribuição de água, por meio de parcerias público-privadas. Com certo receio de dar nome aos bois, o governador trata criar PPP como algo diferente de privatizar, mas em sua própria fala reforça que caberia a uma empresa privada a distribuição de água em Sergipe.
Primeiro, precisamos diferenciar conceitos:
Administração privada: tem como objetivo, única e exclusivamente, o LUCRO.
Administração pública: tem a prestação do serviço e a contrapartida ao contribuinte como objetivo, lógico que dentro de um cenário de sustentabilidade financeira.
A saúde financeira da empresa, neste caso, não serve como justificativa para a privatização, visto que a Deso é superavitária. O que anda motivando essas cogitações, segundo o governador, seria o número de reclamações quanto a distribuição de água pelo estado.
Pois bem, levando em conta que empresas privadas visam lucro, uma empresa faria um investimento milionário para levar água para um povoado longínquo, com dezenas de famílias (como tantas que temos pelo estado), sem a perspectiva ou garantia do retorno desse investimento? Toparia bancar também um alto investimento com a manutenção dessa rede?
Certamente não. Mas mesmo que topasse, essa conta chegaria na ponta final ao contribuinte e cairia então por terra a falácia liberal de que serviços privados saem mais barato.
Sem contar o cenário de insegurança em que seriam jogados os servidores da empresa.
O mais importante, talvez, seja lembrarmos que não estamos falando de serviço de internet ou telefonia, estamos falando de ÁGUA, um bem essencial à vida.
Se existem falhas no serviço, que a gestão seja reavaliada e os investimentos sejam aprimorados.
Espero que o governador reveja esse posicionamento e não se deixe tanto influenciar pela forte presença liberal e privatista de empresários que compõem seu governo. Que ele relembre um pouco daquele Fábio, deputado federal, que se posicionou publicamente contrário à pauta de privatização das empresas de saneamento.
Anderson Defon é administrador, mestrando em Adm. Pública pela UFS e ex-Diretor administrativo e financeiro da Emdagro.