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Foto do escritorAndré Carvalho

22ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ reúne multidão pela defesa dos direitos LGBTs em Sergipe


Foto: Igor Matias.

A 22ª Parada do Orgulho LGBT+ de Sergipe ocupou a orla de Aracaju no último domingo, 27. Com o tema “movimento por melhores políticas públicas”, segundo a organização, cerca de 150 mil pessoas compareceram ao evento.


As paradas do orgulho LGBT+ têm como objetivo demonstrar que ser LGBT+ é motivo de orgulho e que a sociedade precisa nos respeitar enquanto pessoas de direito. O evento também é político por cobrar o aprimoramento democrático e a implementação de políticas públicas que garantam dignidade e proteção à comunidade.


A 22ª segunda edição contou com um circuito de atividades que debateram diversos aspectos que permeiam o que é ser LGBT+ em Sergipe, seus desafios, suas necessidades e suas formas de expressão. O evento fechou seu ciclo em 2023 na orla, com atividades, apresentações artísticas e com as falas daqueles que constroem a luta LGBT+ em Sergipe e no Brasil.


Tathiane Araujo, coordenadora da Parada e fundadora da Astra, ressaltou em seu discurso a importância da garantia à educação da população LGBT+, do acesso a ambulatórios e atendimentos de saúde pensados para as necessidades da comunidade, da garantia da empregabilidade e do combate à discrimação nos locais de trabalho. Cobrou ainda a garantia do direito à vida e à integridade das pessoas da comunidade, lembrando que ninguém pode ser ameaçado de morte por sua sexualidade ou identidade de gênero.


O que Tathiane trouxe em seu discurso retrata um pouco das dificuldades que ainda são impostas aos LGBTs. Além das dificuldades que todos enfrentam, LGBTs precisam enfrentar o assédio odioso na vida acadêmica, no mercado de trabalho e no acesso aos direitos que a Constituição Federal deste país garante a todos os seus cidadãos.


Diferentemente do ano passado, poucas lideranças políticas compareceram ao evento. No ano passado, o governador e sua côrte compareceram ao evento para pedir voto, presença que não se repetiu neste ano. Nem mesmo a primeira dama, que ocupa a pasta responsável pelos direitos humanos no governo do estado, compareceu. O governo estadual foi representado por Silvânia Sousa, responsável por coordenar as ações LGBT+.


Parte da esquerda sergipana compareceu ao evento, como a dep. estadual Linda Brasil (PSOL), a vereadora Sônia Meire (PSOL), o ex-deputado federal Iran Barbosa (PSOL), a vereadora Ângela Mello (PT), que está internada, foi representada por uma ação do seu gabinete no evento, não tendo comparecido nenhum dos principais líderes do PT sergipano. Políticos do centro e da direita, mesmo os que se dizem aliados, também não compareceram ao evento.


O tamanho do público presente na orla e a relevância política e social do evento evidenciam a necessidade de priorizar a Parada LGBT+ de Sergipe dentro do calendário de eventos do estado de Sergipe. O evento contou com apoio seguro da prefeitura de Aracaju, entretanto, sofreu até o último momento para garantir apoio do governo do estado.


Há uma escolha clara por parte do governo de Sergipe em não dar ao evento a relevância devida, mesmo com seu potencial de fomento ao turismo. A parte cultural do evento serve para que a Parada fale das dores da comunidade mas não se resuma a elas e está nela o atrativo para que pessoas do interior e de outros estados compareçam à Parada LGBT+ de Sergipe.


O apoio para a contratação artística veio da prefeitura de Aracaju. Já o governo do estado, que tem destinado expressivos valores para realização de festejos por todo o estado, com o discurso de aquecer o turismo de Sergipe, forneceu apenas estrutura. A Parada, um evento já tradicional em Sergipe, não recebeu a mesma deferência dos outros eventos. É importante garantir ao evento um apoio financeiro para que, por exemplo, o evento consiga trazer artistas LGBTs nacionais e incentivar a participação dos artistas LGBTs sergipanos.


Para o governo do estado garantir o apoio não é necessário muito esforço, apenas tratar o evento com a importância que ele já tem. A capacidade de apoio não se limita ao governo do estado, se estende também aos deputados e senadores do estado, que possuem a capacidade de aportar recursos através de emendas parlamentares e, mesmo assim, ignoram o evento.


Quem teve a felicidade de comparecer à Parada pôde perceber a grandiosidade da arte LGBT+ de Sergipe no palco aberto e a pluralidade da comunidade no público presente. A Parada LGBT+ é um evento necessário para enfrentar uma realidade cruel que ataca diuturnamente as diversas "letras" que fazem parte da sigla. Ser LGBT+ é enfrentar um projeto de necropolítica que há séculos ataca LGBTs, um projeto odioso que ceifa sonhos e vidas.



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